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MIT vai lançar jogo distópico que permite controlar uma pessoa real

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MIT Media Lab / Twitter

Screenshot do trailer do jogo BeeMe criado pelo MIT

Durante o Halloween, o MIT vai lançar um jogo on-line onde os utilizadores poderão controlar, durante 2 horas, uma pessoa real que terá como objetivo salvar a humanidade de uma vil IA.

O MIT já é conhecido por lançar, em outubro, algumas das experiências mais assustadoras – desde algoritmos que alteram fotografias a inteligências artificiais que aprendem a escrever as suas próprias histórias de terror.

Agora, para o Halloween de 2018, o MIT tem outra ideia em mente para continuar a assustar com os seus projetos: o programa “BeeMe” – uma experiência social e on-line em massa.

O novo projeto do MIT é descrito como “um jogo social massivo e imersivo” que tem como objetivo “lançar uma nova luz sobre o potencial humano na nova era digital” e é em todo semelhante como um qualquer episódio da série BlackMirror.

“Na noite de Halloween, às 23 horas (03:00 em Portugal) um ator desistirá do seu livre arbítrio e deixará os utilizadores controlarem todas as suas ações“, disse Niccolo Pescetelli, pós-doutorado em inteligência coletiva no MIT Media Lab.

“O evento seguirá a história de uma IA (inteligência artificial) com más intenções com o nome de Zookd que acidentalmente foi lançada online. Os utilizadores da Internet terão de se coordenar em escala e coletivamente para ajudar o ator e personagem da história a derrotar o Zookd. Se falharem, as consequências poderão ser desastrosas”, acrescentou Niccolo Pescetelli.

Controlo sobre o indivíduo

Sob o lema: “Veja o que vejo. Ouça o que eu ouço. Controle as minhas ações. Controle a minha vontade. Seja eu”, o jogo ainda não se tornou público, no entanto, Pescetelli, através das contas sociais do programa BeeMe já começou a promover e a revelar alguns detalhes importantes.

A pessoa controlada será um ator contratado, ainda desconhecido, tal como a sua localização no início da experiência.

É esperado que o jogo dure duas horas mas Pescetelli acrescentou que “será  o público que decidirá por quanto tempo o jogo vai durar”. O BeeMe terá limites em relação aos comandos que o público poderá gerar para influencias as decisões do ator.

Os utilizadores poderão ver e ouvir tudo o que o ator experienciar, a partir do seu ponto de vista. Contudo, serão incapazes de fazê-lo executar qualquer comando que possa colocar em risco a sua dignidade, privacidade ou bem-estar.

“Qualquer coisa que viole a lei ou que coloque em perigo o ator, a sua privacidade ou a sua imagem é estritamente proibida“, afirmou Pescetelli acrescentando ainda que “qualquer outra coisa é permitida” e que todo o MIT está curioso com o que poderá acontecer.

O controlo sobre o ator será entregue ao público através de um navegador de internet por duas maneiras.

Uma das maneiras propostas é escrever e enviar comandos personalizados como “fazer café”, “abrir porta”, “fugir” e assim por diante. A outra maneira é através de um sistema de votação up and down onde o comando mais votado ficará no topo, dando ao ator a ordem escolhida.

A origem da palavra Bee (abelha) surgiu pela comparação com o facto de que os utilizadores terão de agir coletivamente como uma “colmeia” para progredir no jogo.

“Muitas pessoas já jogaram um jogo de realidade aumentada, mas o BeeMe é a realidade aumentada”, disse Pescetelli num comunicado de imprensa.

“Em BeeMe, um indivíduo abre mão do seu livre arbítrio para salvar a humanidade – ou talvez para saber se a humanidade pode ser salva de alguma forma. Esse indivíduo corajoso concordará em deixar a Internet conduzir todas as suas ações”, acrescenta.

“O BeeMe redefinirá a maneira como entendemos as interações sociais on-line e na vida real”, diz a descrição da experiência. “Isso empurrará o crowdsourcing e a inteligência coletiva até ao extremo para ver onde quebra.”

O evento será transmitido ao vivo no site do jogo BeeMe. “Em teoria, não há limite para o número de utilizadores que a plataforma pode suportar, mas só teremos a certeza durante o Halloween”, afirmou Pescetelli.

A criação do BeeMe

O projeto foi criado por um grupo de oito pessoas e custou menos de 10 mil dólares tendo sido divulgado quase em sigilo através de posts no Twitter, alguns dos quais com citações de Marshall McLuhan, Charles Darwin, Carl Jung e Émile Durkheim que ajudaram a criar mistério à volta do programa.

O programa BeeMe reflete sobre algo que parece divertido na sua superfície mas que pode revelar algumas verdades ocultas sobre nós mesmo e a nossa sociedade digital.

BeeMe é um jogo distópico que promete alterar a face das interações digitais, quebrando a quarta parede da Internet e trazendo-a de volta à realidade. BeeMe quer reabrir uma séria, ainda que brincalhona, conversa sobre privacidade, ética, entretenimento e interações sociais”, afirmava o comunicado enviado à Business Insider.

“É uma experiência interessante que vai testar a multidão, mais do que a pessoa”, disse à BBC Bernie Hogan, investigador no Instituto da Internet de Oxford.

Para o investigador, “vai ser realmente esquisito no início, até meio anárquico. Algumas pessoas ficarão entediadas, mas algumas vão ficar – os motivados permanecerão e os que sentem que as suas escolhas nunca são representadas estarão de saída”.

Através do jogo disponível durante o Halloween, saberemos se a humanidade se consegue unir para se salvar ou se falhará a missão do jogo, envolvendo-se numa dramática desordem sem fim.

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