Misteriosas sombras escuras observadas na Nebulosa de Órion

NASA, ESA, CSA / Condutas científicas e processamento de imagens: M. McCaughrean, S. Pearson

Apareceram umas misteriosas sombras escuras na Nebulosa de Órion. Não são visíveis noutros comprimentos de onda e nunca foram vistas anteriormente.

A Nebulosa de Órion é uma das nebulosas mais brilhantes visíveis a olho nu e a região região de formação estelar mais próxima da Terra.

As observações com JWST revelaram imagens deslumbrantes e descobertas incríveis, como a presença de objetos binários da massa de Júpiter, que desafiam as teorias atuais sobre a formação de planetas e estrelas.

Mas, algo ainda mais misterioso se esconde ali.

As incríveis observações da Nebulosa de Orion são um mosaico de milhares de imagens e múltiplos filtros.

No estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics, os investigadores que as reuniram notaram algo de estranho num dos filtros — F115W — que observava o Universo através de luz com comprimentos de onda da ordem dos 1,16 microns.

Segundo o IFLScience, em certas observações desse filtro, apareciam sombras peculiares. Não foi observada qualquer característica equivalente noutros instrumentos, o que intrigou os investigadores.

“Quando estava a olhar à minha volta, comecei a ver todas aquelas sombras escuras à volta das coisas. E isso aparece nas figuras mais tarde. E é apenas nesse filtro, exclusivamente nesse filtro. Essas sombras não existem em nenhum outro comprimento de onda com o Hubble ou com o JWST”, disse Mark McCaughrean, Conselheiro Sénior para a Ciência e Exploração da Agência Espacial Europeia.

A primeira coisa que os investigadores consideraram foi a poeira, mas não fazia sentido, uma vez que a sombra desaparecia noutros filtros.

Por isso, pensaram em algo que pudesse ser encontrado em abundância numa nebulosa, mas que só fosse visível numa janela estreita do espetro eletromagnético. A substância mais provável é o hélio.

O hélio é o segundo elemento mais abundante no Universo, constituindo cerca de um quarto de toda a matéria comum do Universo. E, em particular, este seria o hélio com os seus dois eletrões ainda presentes — o hélio neutro.

“Pensamos que se trata de hélio neutro frio que absorve a luz da nebulosa de fundo. E, talvez o mais notável, vemos jatos protoestelares em absorção contra o fundo”, disse McCaughrean.

O JWST já viu a sua quota-parte de jatos protoestelares. As imagens partilhadas com o público mostram as incríveis interações entre estes jatos e outros materiais cósmicos. As interações violentas produzem luz, permitindo que os telescópios as vejam.

“Os meus amigos que trabalham nessa área acham que isso é muito mais excitante do que os JuMBOs, porque se se tratar de um absorvente neutro nesses fluxos de saída, isso permitir-nos-á essencialmente medir a sua massa diretamente pela primeira vez”, explica McCaughrean.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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