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Misteriosa estrela perfeita é o objeto mais esférico jamais visto no Universo

(dr) Mark A. Garlick

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Uma estrela a cinco mil anos-luz da Terra é o objeto mais redondo jamais encontrado na natureza, diz um estudo publicado pela Universidade de Göttingen, na Alemanha.

Se há uma coisa rara de encontrar no Universo, é uma esfera perfeita. Os planetas e as estrelas, por exemplo, não o são porque as forças centrífugas a que são sujeitos fazem com que sejam “esmagados” nos polos.

Porém, a cinco mil anos-luz da Terra, encontra-se Kepler 11.145.123 (ou KIC 11145123), cuja esfera parece desafiar as leis da física, escreve a BBC.

A sua esfera está tão perfeitamente intacta que investigadores do Instituto Max Planck e da Universidade de Gottingen, na Alemanha, estão a tentar perceber o que é que leva este objeto a ser alheio às turbulências do Espaço.

“O Kepler 11.145.123 é o objeto natural mais esférico que já medimos, é muito mais redondo do que o Sol”, diz Laurent Gizon, astrónomo e principal responsável do estudo.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas utilizaram uma técnica conhecida como sismologia, ou asterosismologia estelar, que estuda a estrutura interna das estrelas e determina a esfericidade do objeto.

Passo de tartaruga

Ao girar nos seus eixos, as luas, os planetas e as estrelas são submetidos a forças centrífugas que achatam os seus polos.

O nosso Sol, por exemplo, tem um ciclo de rotação de 27 dias e o raio da sua circunferência é de dez quilómetros maior na sua linha do equador do que nos polos. No caso da Terra, esta diferença é de 21 quilómetros.

Já a estrela KIC 11145123 apresenta uma diferença de apenas três quilómetros, um número incrivelmente pequeno se considerarmos que esta estrela tem um raio de 1,5 milhões de quilómetros, duas vezes maior do que o Sol.

Embora os especialistas não tenham uma resposta conclusiva sobre a razão que leva a este fenómeno, têm alguns palpites.

“A rotação desta estrela é surpreendentemente mais lenta, três vezes mais devagar do que o Sol, e não sabemos exatamente o motivo”, disse Gizon à BBC. “Mas, ao girar mais devagar, também deforma menos”, acrescentou.

Além disso, o seu centro gira mais lentamente do que as suas camadas externas.

Campo magnético

O especialista afirma que a rotação não é, no entanto, o único fator que determina a forma de uma estrela: também existe o campo magnético.

“Percebemos que esta estrela parece ser um pouco mais arredondada do que previa sua rotação. É por isso que também atribuímos a sua forma à presença do campo magnético”, explica o astrónomo.

“A nossa ideia é que o seu fraco campo magnético (muito mais fraco do que o do Sol) possa ser uma possível explicação para a sua esfericidade”, relataram os autores do estudo, publicado na revista Science Advances.

Para os cientistas, a forma da estrela KIC 11145123 traz à tona dúvidas sobre a origem dos campos magnéticos.

“Este trabalho é um primeiro passo no estudo de formas estelares com asterosismologia”, conclui.

ZAP / BBC

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