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O fenómeno dos misteriosos neutrinos de alta energia da Antártida pode ter sido desvendado

Felipe Pedreros / IceCube / NSF

O IceCube Neutrino Observatory, na Estação Científica Internacional Scott-Amudsen, no Polo Sul

Uma nova investigação analisou a curiosa anomalia registada na Antártida: os sinais de rádio que parecem emanar das profundezas da Terra.

O estranho fenómeno foi registado quando uma equipa de cientistas levavam a cabo experiências no Pólo Sul com a Antarctic Impulsive Transient Antenna (ANITA). Ao contrário da maioria dos detetores de neutrinos que são grandes e sensíveis, o ANITA é um detetor de rádio suspenso por um balão que só consegue detetar neutrinos de alta energia quando atingem o gelo antártico para criar uma explosão de luz de rádio.

Os neutrinos são partículas extremamente pequenas que surgem como resultado de vários eventos cósmicos (como explosões de estrelas), existindo em todo Universo. Além disso, estas partículas são tão pequenas que podem passar através de qualquer objeto, inclusivamente através de edifícios ou pessoas.

Apesar de terem conseguido captar os sinais com a ANITA, os cientistas observaram que os sinais não eram provenientes do Espaço, mas sim das profundezas da Terra, saindo do solo “por sua própria conta”.

Esta atividade incomum deixou a comunidade científica perplexa e deu origem a inúmeras teorias. Alguns cientistas sugeriram que os impulsos seriam neutrinos que entraram na Terra por um lado, passaram por todo o núcleo e saíram pelo outro. Outros acreditavam que se tratava de um “neutrino estéril”, cuja existência é apenas teórica. Houve ainda quem “culpasse” a misteriosa matéria escura pelo fenómeno.

Agora, um artigo científico publicado na Annals of Glaciology encontrou uma explicação diferente e mais simples para o misterioso fenómeno: segundo os autores, as anomalias não são causadas por neutrinos “subterrâneos”, mas sim pela reflexão de raios cósmicos ultraenergéticos na superfície gelada.

Os raios entram no planeta, passam através da camada superior de gelo e alcançam uma camada de solo conhecida como firn, escreve o New Atlas.

“Acreditamos que o culpado é o firn debaixo da superfície. O firn é neve compactada que não é suficientemente densa para ser gelo. Por esse motivo, podem ocorrer inversões de densidade, com faixas a passar de alta para baixa densidade. Estas formas cruciais de interação podem explicar estes eventos”, explicou Ian Shoemaker, co-autor do estudo.

Os físicos acreditam que, nas condições de densidade variável nas camadas profundas da superfície da Antártida, os raios cósmicos são refletidos e depois registados pela antena.

Estes raios passam através do gelo a temperaturas muito altas, dispersam dentro desta camada em protões e eletrões, o que pode dar lugar a um sinal de rádio, semelhante a um neutrino.

ZAP //

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