Ministro da Educação não devia ser o único a dar o “peito às balas”

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António Pedro Santos / Lusa

Alexandra Leitão, ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública

A deputada socialista Alexandra Leitão, antiga ministra da Modernização e Administração Pública, referiu que o ministro da Educação, João Costa, não devia estar sozinho nas conversas com os professores e outros professsionais do setor, visto que a negociação é multidisciplinar.

Na sua opinião – referida no domingo no programa da TSF e CNN Portugal “O Princípio da Incerteza” – os representantes das Finanças e da Administração Pública também deveriam fazer parte das negociações.

“Isto não é um problema da Educação, é uma questão que tem a ver com várias carreiras da administração pública e que devia ser tratada pelo Governo como tal, e não como tenho visto, com o ministro da Educação, ele sim, a dar o peito às balas nesta situação e tentar uma aproximação muito difícil de fazer”, referiu.

Questionada sobre se acredita que a greve dos professores pode acabar sem que o Governo ceda na recuperação do tempo de serviço, a deputada disse que trata-se de uma “situação bastante complexa”.

“Quer o conteúdo da greve do STOP [Sindicato de Todos os Professores da Educação], quer a própria da natureza da forma como tem sido agilizada esta contestação (…) tem a ver com uma desinstitucionalização e alguma perda de pé dos sindicatos tradicionais”, indicou.

Esses sindicatos mais tradicionais, “por mais duros que possam ser”, “não violam a linha vermelha de intermediação com os seus associados e de uma certa institucionalização do protesto”, continuou.

O STOP, “pelo contrário, desconhece isso totalmente e rejeita totalmente essa intermediação – é o equivalente a uma coisa inorgânica. Prova disso é que o STOP queria que as reuniões com os membros do Governo fossem transmitidas online, em direto”, disse.

“É um exemplo que de estes sindicatos [STOP] não servem para fazer a institucionalização e a mediação, mas sim pelo contrário, [têm] uma lógica totalmente inorgânica, e muito difícil de lidar”, sublinhou.

Esta greve, frisou, “no conjunto do STOP, tem uma série de características que me parecem más para a democracia”.

“Outra coisa diferente são os professores, que estão cansados, que têm as suas razões, não estou a pôr isso em causa. Eu própria considero que, até atendendo à situação positiva que o país vive, se podia dar atenção a estas e a outras carreiras da administração pública”, indicou Alexandra Leitão.

A greve nacional por tempo indeterminado do Sindicato de Todos os Professores da Educação (STOP) continua sujeita a serviços mínimos, enquanto a greve distrital da Fenprof e mais sete sindicatos está esta segunda-feira em Vila Real.

Na terça-feira a paralisação de professores será em Viseu e na quarta-feira no Porto, antes da manifestação nacional marcada para o próximo sábado.

ZAP //

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