Ministra da Saúde não sabe se o “pico da pandemia” já passou. Pressão hospitalar é “muito diferente” de há um ano

Rodrigo Antunes / Lusa

Governante antevê um aumento do número de casos nos próximos dias, o que se poderá refletir na procura por cuidados hospitalares.

A ministra da Saúde, Marta Temido, não sabe se o pico da presente vaga de covid-19, prevista para a atual segunda semana de janeiro, já terá passado, admitindo ainda que as previsões “apontam ainda para uma subida de casos, que terá impacto nos internamentos”. As declarações da governante foram proferidas durante uma visita ao Hospital de Vila Franca de Xira, onde se mostrou preocupada precisamente com a pressão sobre os cuidados hospitalares, a qual deve aumentar nos próximos dias.

“Sabemos que alguma fragilidade dos cuidados de saúde primários acaba por levar a que muitos doentes, que sentem preocupação com o seu estado de saúde, venham aos serviços hospitalares. Isso traz uma pressão acrescida, temos de lidar com ela e nos preparar para enfrentá-la nos próximos dias“, avisou.

Apesar do prognóstico, Marta Temido explicou que os hospitais de Lisboa e Vale do Tejo — a região com mais pressão devido à pandemia —estão a conseguir conciliar a atividade programada com a resposta aos doentes com covid-19. “Até agora, na região de Lisboa e Vale do Tejo, que é a que tem mais pressão, estamos a conseguir garantir algum equilíbrio entre a atividade assistencial normal e a resposta à Covid-19.”

De acordo com a ministra, esta região tem atualmente cerca de 700 doentes internados em enfermaria por covid-19, quando há um ano eram quase três mil. “São duas realidades muito distintas. Embora haja pressão, é uma pressão muito diferente”, comparou. Já no plano nacional, há atualmente 15.500 doentes internados, dos quais apenas 1.564 são doentes covid-19. Neste universo, 44 dos internados têm menos de 18 anos, o que representa 2,8%. Para Marta Temido, isto “é resultado de um esforço que tem sido feito na área da vacinação, na área das melhores medidas não farmacológicas de segurança”.

No que respeita à Linha SNS 24, a primeira e principal porta de entrada dos doentes covid-19 no sistema, a ministra da Saúde avançou que esta recebeu “cerca de 700 mil chamadas”, reconhecendo que o serviço tem estado “muito pressionado“, já que “tem estado a encaminhar e a resolver a situação de muitas pessoas”. Esta concentração surge apesar das “alterações de algoritmo” implementadas e do “reforço dos profissionais, com a abertura de mais call centres”. “Gostaríamos de ter atendimentos mais rápidos, mas tem sido garantida a par e passo com a entrada de algumas funcionalidades”.

Mesmo com pandemia, hospitais do Norte batem recordes de cirurgias

O ano de 2021, apesar de um início e fim atribulados, foi de crescimento para os principais hospitais da zona Norte, no que respeita ao número de cirurgias realizadas. De acordo com o Jornal de Notícias, as unidades hospitalares tiraram partido dos incentivos financeiros, trabalharam fora de horas, reorganizaram os horários dos blocos operatórios e arrendaram espaços em unidades privadas e sociais para melhorar a resposta e reduzir os tempos de espera. Neste grupo, destacam-se o Hospital de Braga, o Centro Hospitalar e Universitário de São João e o Hospital Geral de Santo António.

Também a nível nacional, o número de cirurgias realizadas até novembro está acima do período homólogo de 2019 — o melhor ano de sempre.

ZAP //

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