//

Milhares de manifestantes em Paris contra a subida do IVA

foto: Roman Bonnefoy / wikimedia

foto: Roman Bonnefoy / wikimedia

A plataforma francesa Frente de Esquerda apelou hoje à “revolução fiscal” durante uma manifestação em que participaram milhares de pessoas em protesto contra a subida do IVA prevista para Janeiro.

De acordo com a organização do protesto, estavam na manifestação cerca de 100 mil pessoas apesar de as autoridades terem afirmado aos jornalistas que estavam presentes apenas sete mil manifestantes.

O protesto decorreu frente ao Ministério da Economia em Paris, considerado pelos manifestantes como um “símbolo de uma política que favorece a alta finança em detrimento dos assalariados e da maior parte da população”.

“Longe de estar a corrigir as desigualdades, o sistema fiscal protege os privilegiados e agrava os abusos das finanças”, disse o líder da plataforma, Jean-Luc Mélenchon, no discurso de encerramento da concentração.

O objetivo principal das críticas, considerado como o exemplo “mais escandaloso”, foi o aumento do IVA que o Executivo francês prevê aplicar a partir do início do próximo ano.

“Não ao imposto do ‘antigo regime'”, afirmou Mélenchon que propôs uma reforma fiscal “feita pelo povo, em que todos pagam, mas em função das suas possibilidades”.

O governo, através do aumento do IVA prevê conseguir seis mil milhões de euros durante o ano de 2014, assim como “aliviar” os custos laborais em cerca de 10 mil milhões durante o mesmo período.

“O problema no nosso país não é o custo do trabalho mas sim o capital”, criticou Mélenchon sublinhando que o “inimigo não é o imigrante nem o trabalhador, mas sim a alta finança francesa e global que mancha tudo o que toca”.

O primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, termina durante a próxima semana as consultas a sindicatos e entidades patronais para concluir a reforma criticada pelos movimentos e partidos de esquerda em França.

O protesto de Paris soma-se a outras manifestações que decorreram durante o fim de semana de que se destaca a marcha lenta dos camionistas em 15 regiões do país contra a “ecotaxa”, um imposto que vai afectar, pelo menos a partir de 2015, os proprietários de camiões que circulem em estradas que não estão sujeitas a portagens.

Na manifestação de Paris, o dirigente de esquerda Jean-Luc Mélenchon reforçou a ideia de que os protestos não têm como finalidade “interesses particulares” mas a defesa do “interesse geral” e que é preciso deixar bem claro que a França “já não aguenta que todos os esforços recaiam sobre as classes mais desfavorecidas”.

Em pleno clima de tensão política, oito em cada dez franceses dizem que esperam uma “explosão social” de acordo com uma sondagem do instituto Ifop, difundida hoje pelo jornal Dimanche Ouest-France.

/Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.