Pelo menos mil médicos assinaram escusas de responsabilidade só este ano

Os dados recolhidos pela Ordem dos Médicos até 9 de Agosto revelam que já foram feitas 814 escusas de responsabilidade desde o início do ano. A falta de recursos humanos é a razão mais apontada.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, acredita que “Portugal está a viver uma situação quase inédita” devido ao grande número de pedidos de escusas de responsabilidade que os profissionais de saúde estão a entregar.

Miguel Guimarães refere que esta situação se deve ao “limite” que os médicos atingiram. “Se há tantas escusas de responsabilidade é porque não há condições mínimas de segurança e de qualidade para que os médicos possam exercer as suas funções”, refere ao DN.

O bastonário acusa o Governo de não revelar a verdadeira dimensão da falta de clínicos. No início da pandemia já faltavam 5000 médicos no SNS e “os governantes respondiam com o número de profissionais que tinham sido contratados desde 2015, mas nunca referiam o número de profissionais que estavam a sair do SNS”.

Os dados da Ordem revelam que o número de escusas registadas desde o início de 2022 e os dados recolhidos até dia 9 de Agosto registam 814 pedidos. Deste total, 347 são em unidades hospitalares e de cuidados primários da Secção Sul e Ilhas, 237 da Secção Norte e 230 da Secção Centro.

No caso do Sul e Ilhas, 562 médicos assinaram as 347 escusas. As secções do Norte e do Centro não especificam o número de médicos, mas no mínimo já mais de mil médicos assinaram escusas de responsabilidade este ano. Entre os motivos mais citados estão a falta de recursos humanos, escalas incompletas, más condições de trabalho ou carências logísticas e materiais.

Miguel Guimarães acredita que o número pode ser “muito superior” e refere que as escusas “aumentaram muito significativamente, sobretudo a partir de junho, em relação aos anos anteriores à pandemia”. O valor real pode ultrapassar os 2500.

O bastonário defende ainda que nenhum médico “assina uma escusa de responsabilidade de ânimo leve”. “Só o faz por considerar que não tem as condições adequadas para garantir a qualidade do que é o seu exercício profissional”, remata.

ZAP //

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