Microplásticos encontrados em gruta fechada ao público há 30 anos

A gruta está isolada de todos os humanos há muito tempo. Mesmo assim, tem altas concentrações de microplásticos.

Uma gruta fechada ao público durante 30 anos tem elevadas concentrações de microplásticos.

A revelação surge em dois novos estudos, o mais recente dos quais foi publicado na semana passada.

Estas descobertas sublinham a extensão da contaminação por microplásticos no ambiente, mais especificamente em sistemas de água subterrâneos – uma área notavelmente pouco estudada.

Elizabeth Hasenmueller, geoquímica e diretora associada do WATER Institute na Universidade de Saint Louis, afirmou que a maior parte da pesquisa até agora concentrou-se em ambientes de água superficiais.

No entanto, o estudo realizado na gruta Cliff, localizada no Missouri (EUA), oferece uma nova perspectiva sobre o impacto dos assentamentos humanos em ecossistemas próximos.

Surpreendentemente, os investigadores constataram que os microplásticos acumulavam-se em maiores concentrações na entrada da gruta e eram posteriormente empurrados para o seu interior pela água, relata o The Byte.

Além disso, os microplásticos estavam 100 vezes mais concentrados no sedimento da gruta do que na água.

Hasenmueller ressalta que 99% dos detritos de microplástico que encontraram na gruta estavam armazenados no sedimento.

Esta acumulação no sedimento sugere que os microplásticos são depositados pela água e ficam armazenados a longo prazo — décadas ou mais — mesmo após a retirada da água.

Os investigadores acrescentam que partículas transportadas pelo ar também podem estar a sedimentar-se no leito da gruta.

Uma preocupada Hasenmueller indica que essas partículas de plástico podem infiltrar-se em águas subterrâneas utilizadas para consumo humano. Além disso, ameaçam perturbar os habitats de morcegos e anfíbios que habitam as grutas.

Hasenmueller sugere que a solução poderia passar pelo abandono do uso de vestuário sintético, uma vez que “muitos dos detritos que encontrámos nesta gruta eram fibras sintéticas provenientes de têxteis”.

O estudo lança um alerta sobre o alcance do problema da poluição por plásticos e sublinha a necessidade de ações mais eficazes para a sua mitigação.

ZAP //

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