Um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza estima que 21 dos 46 glaciares da lista da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura terão desaparecido até 2100, caso se mantenha o elevado nível de emissões de gases com efeito de estufa.
Quase metade dos glaciares incluídos na lista de Património Mundial da UNESCO poderão desaparecer se se mantiverem os atuais níveis de emissões de gases que contribuem para o aquecimento global, alerta um estudo publicado nesta terça-feira.
Um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) estima que 21 dos 46 glaciares da lista da UNESCO terão desaparecido até 2100, caso se mantenha o elevado nível de emissões de gases com efeito de estufa. Mesmo num cenário mais otimista, no qual as emissões sejam reduzidas significativamente, o estudo considera que oito desses glaciares não têm salvação.
Entre as reservas do Património Mundial em perigo estão o Parque Nacional Monte Perdido, nos Pirinéus; Parque Los Glaciares, na Argentina, e outros destinos naturais populares nos Alpes, as Montanhas Rochosas e os Himalaias, entre outros.
“A perda desses glaciares icónicos seria uma tragédia e poderia ter consequências graves em termos de disponibilidade de recursos hídricos, aumento do nível do mar e outros padrões climáticos”, disse o diretor do programa da IUCN para o Património Mundial, Peter Shadie.
“Precisamos urgentemente de fazer grandes reduções na emissão de gases com efeito de estufa, pois só assim se evitarão danos irreversíveis, que poderão ter sérias consequências naturais, sociais, económicas e migratórias”, disse Jean-Baptiste Bosson, principal autor do estudo.
O relatório inclui também o primeiro inventário dos glaciares classificados como património mundial e calcula a existência de 19.000 destas massas de gelo em 46 reservas da lista da UNESCO. Os glaciares cobrem cerca de 10% da superfície terrestre (em períodos geológicos recentes chegaram a 30%) e são chave no ciclo hídrico, agindo como reservas onde se acumula mais de 60% da água doce da Terra.
// Lusa