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Metade dos portugueses não distingue um AVC de um enfarte

AV Dezign / Flickr

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A maioria dos portugueses ainda não reconhece os sintomas de enfarte e, embora quase todos afirmem que, perante um ataque cardíaco, se deve ligar o 112, menos de metade efectivamente o faz, segundo um estudo hoje divulgado.

O estudo, elaborado por dois investigadores do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, é uma iniciativa do Stent For Life, projecto europeu lançado pela European Association of Percutaneous Cardiovascular Interventions e pelo EuroPCR, presente em 10 países, sendo apoiado em Portugal pela Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC).

O estudo, baseado em inquéritos telefónicos a mil portugueses, concluiu que 95% dos entrevistados reconhecem que, se estiverem perante uma situação de enfarte devem ligar o número de emergência médica (112), mas apenas 38% o faz, disse à Lusa Helder Pereira, responsável pela campanha “Não perca tempo, Salve uma vida”.

Na prática, ainda muitas pessoas optam por chegar a uma unidade hospitalar pelos próprios meios, ligar a um familiar ou amigo, ou desvalorizar os sintomas.

Este “contraste” entre o que respondem e o que fazem na realidade os inquiridos, também está patente no conhecimento que demonstram ter dos sintomas de um enfarte: 77% afirmam saber que enfarte e Acidente Vascular Cerebral (AVC) não são a mesma coisa, no entanto 25,5% destes não sabem destacar as diferenças e muitos confundem os sintomas do enfarte com os do AVC, acrescentou.

Sobressai do estudo o facto de perto de um quarto dos inquiridos ter respondido que “sim” ou que “não sabia” à pergunta “Acha que o enfarte e o AVC são a mesma coisa?”.

Juntando estes com os 25,5% que sabiam que não se tratava da mesma doença, mas que não sabiam dizer as diferenças, conclui-se que metade dos inquiridos não distingue efectivamente um enfarte de um AVC.

“Outro dado que se destaca neste estudo é o facto de um terço dos inquiridos não saber ou considerar que o enfarte é uma doença do sexo masculino”, afirmou Helder Pereira.

No conjunto dos resultados deste estudo e dos dados da performance do enfarte em Portugal conclui-se pela importância de manter a campanha, considerou o cardiologista, destacando que as pessoas ainda não interiorizaram os sintomas básicos associados a um episódio de enfarte: dor no peito – que pode surgir como aperto ou peso -, que pode irradiar para as costas, para os braços e para o pescoço, pode ser acompanhada por náuseas, vómitos e suores.

Questionado sobre os resultados da campanha ao longo dos últimos três anos (desde que foi lançada), Helder Pereira afirma que houve uma melhoria e depois uma estagnação: “No primeiro ano apenas 20% ligavam para o 112, agora estamos nos 38%, mas esta percentagem tem-se mantido”, explicou.

O objectivo a alcançar são os “80% a 90% dos países do norte da Europa”, mas, para isso, é preciso, primeiro que tudo, “valorizar os sintomas, fazendo as pessoas perceberem que é preferível chegarem ao hospital e ser apenas uma má disposição ou outra coisa qualquer, do que não irem de todo”.

/Lusa

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