Merkel e Macron dispostos a alterar tratados europeus

Carsten Koall / EPA

O novo Presidente francês, Emmanuel Macron, com a chanceler alemã, Angela Merkel, numa visita a Berlim

O novo Presidente francês, Emmanuel Macron, com a chanceler alemã, Angela Merkel, numa visita a Berlim

A chanceler alemã e o Presidente francês admitiram, em Berlim, uma possível alteração dos tratados europeus, na primeira visita ao exterior do novo chefe de Estado gaulês, um dia depois da sua tomada de posse.

“Do ponto de vista alemão, é possível alterar os tratados se isso fizer sentido“, declarou Angela Merkel, enquanto o chefe de Estado francês sublinhava, ao seu lado, que não mantém “qualquer tabu” em relação a essa ideia, também destinada a reformar o funcionamento da zona euro.

Num encontro onde sobressaiu a consonância de posições, Merkel considerou que uma Europa em progresso depende de uma “França forte”, enquanto Emmanuel Macron apelava a uma “refundação histórica” do projeto europeu e prometia “reformas económicas” para reduzir o desemprego.

Merkel aludiu a um “roteiro” que poderá introduzir reformas na União Europeia e na zona euro, e Macron sublinhou a necessidade de promover “profundas reformas que são necessárias e necessitam de um trabalho em comum”.

No decurso de uma conferência de imprensa conjunta, os dois estadistas pugnaram ainda por um “novo dinamismo” na relação franco-alemã, com Macron a assinalar que se opõe a uma mutualização das dívidas “do passado” na zona euro.

O Presidente francês insistiu na “refundação histórica” da Europa face à emergência dos populismos e ao risco de desintegração.

A reação a estes fenómenos apenas pode ser efetuado “com uma refundação histórica” da Europa, designadamente através de reformas em França mas ainda um “trabalho de convicção” de Angela Merkel face à sua população, observou ainda Macron.

O novo chefe de Estado francês acrescentou que a sua vitória eleitoral foi possível porque conseguiu “transmitir entusiasmo” e sublinhou que a sua obrigação imediata consiste em “responder a esse entusiasmo” e demonstrar que “esta Europa funciona”.

Merkel também destacou na sua intervenção a “relação especial” entre os dois países – confirmada por este já tradicional encontro dos líderes do eixo franco-alemão após uma nova tomada de posse – e valorizou diversas propostas de Macron.

A líder conservadora germânica aludiu à possibilidade de incluir um critério de reciprocidade nos acordos comercias, destinados à proteção de produtos europeus face aos provenientes de países terceiros que não cumpram as normas estabelecidas, e concordou na necessidade em melhorar a proteção comum para os investimentos e avançar na integração da zona euro, apesar de não ter pormenorizado.

“Nem sempre estamos de acordo”, reconheceu Merkel sobre o funcionamento do eixo franco-alemão, mas mostrou-se convencida da “simbiose” de posições entre Berlim e Paris, sempre “algo de bom, não apenas para os dois países, mas também para toda a Europa”.

// Lusa

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