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Merkel despede-se da CDU e espera vitória da sua protegida

Felipe Trueba / EPA

Annegret Kramp-Karrenbauer, conhecida como AKK ou mini-Merkel, será a preferida da chanceler alemã. Foi Angela Merkel quem indicou AKK para o cargo de secretária-geral da CDU quando ascendeu ao topo da hierarquia partidária.

Os 1001 delegados do partido conservador vão dar, esta sexta-feira, um sinal ao escolherem quem sucede na chefia a Angela Merkel, uma vez que os dois principais concorrentes têm uma abordagem tão diversa à política que uma é apelidade de mini-Merkel e o outro de anti-Merkel, escreve o DN.

Annegret Kramp-Karrenbauer, conhecida como AKK, é a protegida da chanceler, que a indicou para o cargo de secretária-geral da CDU, cargo que a própria exerceu entre 1998 e abril de 2000.

AKK é também a preferida dos votantes da CDU. Segundo a mais recente sondagem publicada pelo canal ARD, 48% do eleitorado da CDU votaria nela. A segunda escolha, com 35%, é Friedrich Merz e, por fim, Jens Spahn. O ministro da Saúde, de 38 anos, caiu 10% em relação à anterior sondagem e só recolhe dois pontos percentuais.

AKK, de 56 anos, reúne ainda apoios entre atuais e ex-ministros do governo nacional e estadual. “Tem experiência no governo, ganhou eleições, é dura, foi ministra do Interior no Sarre, sabe afirmar-se e tem um coração com pendor social”, disse o antigo ministro do Interior Thomas de Maiziere. Tem também a preferência de algumas organizações partidárias, como a CDA – Associação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos.

Na disputa entre os dois principais candidatos não caiu bem o apoio público do presidente do Bundestag (Parlamento alemão), Wolfgang Schäuble, a Friedrich Merz.

Em resposta, o ministro da Economia, Peter Altmeier, mostrou “surpresa”. “Uma vez que Wolfgang Schäuble rompeu o silêncio, posso dizer: estou convencido de que, com Annegret Kramp-Karrenbauer, temos a melhor hipótese de unir a CDU e ganhar as eleições.”

Merz, o “anti-Merkel”

Friedrich Merz, afastado por Merkel da liderança do grupo parlamentar em 2002, acabou por abandonar a vida política há dez anos. O advogado é um bem-sucedido administrador de empresas, em especial da filial alemã do banco de investimento BlackRock.

Se AKK representa a continuidade de uma política pragmática e centrista, Merz promete a rutura. As suas ideias são mais liberais do ponto de vista económico, mas mais conservadoras nos temas sociais, a ponto de ser comparado a Donald Trump.

Como Jens Spahn, é adepto de uma política de imigração mais fechada. “A abertura das fronteiras não pode ser um convite para permitir um afluxo não controlado à Alemanha, sobre o qual ainda hoje não recuperámos o controlo. Ainda há de 200 mil a 250 mil migrantes na Alemanha cujo paradeiro e origens desconhecemos”, afirmou.

Merz propõe ainda a entrada do Estado no mercado bolsista para “criar uma melhor riqueza e acumulação de capital a longo prazo para os agregados familiares” e um suplemento à poupança-reforma.

Já AKK prefere fazer um discurso virado para o partido, ao afirmar que é “profunda conhecedora do partido” e que tem experiência em vencer eleições.

As primeiras sondagens davam preferência a Merz, de 63 anos, que é visto como o mais competente, mas Kramp-Karrenbauer tomou a dianteira e é também vista como a mais credível, mais simpática e quem representa melhor os interesses do cidadão comum.

Angela Merkel é a chefe do governo alemão há 13 anos e líder da CDU há 18. Anunciou, a 29 de outubro, a intenção de não se recandidatar à liderança do partido. O congresso que vai escolher o sucessor está marcado para esta sexta-feira e sábado, em Hamburgo.

ZAP // Lusa

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