Contabilidade credível mostra que, ao longo dos últimos 20 anos, o número de desastres naturais diminuiu 10 por cento. Relatórios e preparação são fundamentais.
Para já, qual é a definição de “desastre”? A revista Forbes apresenta a definição: pelo menos 10 pessoas mortas, pelo menos 100 pessoas afectadas, a declaração de estado de emergência e o pedido de ajuda internacional.
Com direito a conversas e encontros muito frequentes, e com avisos constantes, as alterações climáticas criaram a ideia de o número de desastres naturais ter aumentado muito ao longo das últimas décadas.
A própria Organização das Nações Unidas (ONU) tem difundido a informação de que as alterações climáticas aumentaram o número de desastres naturais durante os últimos 50 anos. Mais cheias, mais furacões…?
Não. Os números mostram que a ocorrência de desastres naturais desceu 10 por cento durante os últimos 20 anos; ou seja, praticamente desde que chegámos ao século XXI. Os dados oficiais são da EM-DAT, que contabiliza os desastres em todos os países.
“São notícias muito boas e vão contra a sabedoria popular“, avisou Roger Pielke, da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos da América.
A tendência de subida de desastres naturais prolongou-se durante um século, entre 1900 até 2000. Mas a tendência mudou nas últimas duas décadas.
Aparecem muitas notícias sobre furacões, que realmente existem, muitas notícias sobre cheias, que realmente existem. Mas o número desses eventos diminuiu neste século.
Dois motivos
Então porque a contabilidade de desastres naturais esteve sempre a aumentar durante 100 anos e, agora, desceu durante os últimos 20 anos? Quando esses eventos surgem mais vezes nas notícias.
É fácil responder: os números oficiais. Agora qualquer ocorrência entra nas contas. Antes não.
Roger Pielke deixa dois exemplos: alguém acredita que em 1962 só houve 24 desastres naturais no nosso planeta? Alguém acredita que na década 1980 só houve três cheias em África? Os números mostram isso mas não retratam a realidade dessa altura.
“E este é o período (a partir do ano 2000) mais credível para reunir dados”, avisou Pielke.
Além disso, e sobretudo, nestes últimos tempos desceu o número de vítimas mortais. Na década 1920 morreram 5,4 milhões de pessoas após desastres; na década 2010 esse total desceu para 400 mil pessoas falecidas por causa de desastres naturais. E há muito mais pessoas na Terra.
Aqui entra outro factor que contribui para a descida nas estatísticas: a preparação. Cada vez mais países, cada vez mais locais estão preparados para evitar consequências trágicas nestes contextos.
Para o futuro, há a crença de que o cenário vai continuar a melhorar. O número de óbitos vai continuar a baixar e vamos continuar prontos para responder a cada desastre natural.
Em relação aos oceanos, por exemplo, a organização governamental nos EUA especializada no assunto (a sua versão do IPMA) prevê que a intensidade máxima de furacões no oceano Atlântico vai subir cinco por cento – mas a sua frequência vai descer 25 por cento.