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Steve Bannon, ex-conselheiro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
O juiz tem recusado as principais defesas de Steve Bannon. Caso seja condenado, o ex-conselheiro de Trump pode ter de passar entre 30 dias e um ano na prisão.
Vai arrancar esta segunda-feira o julgamento que vai determinar se Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump, desobedeceu à lei ao recusar cumprir a intimação do comité da Câmara dos Representantes que está a investigar o ataque ao Capitólio. Desde então, Bannon já aceitou testemunhar.
Bannon foi intimado no Outono, tendo o comité exigido um testemunho e o fornecimento de documentos relacionados com a insurreição de 6 de Janeiro. O comité também reencaminhou o caso para o Departamento de Justiça em Outubro devido à recusa do antigo conselheiro de Trump.
O Departamento de Justiça acedeu ao pedido e um júri federal acusou Bannon de dois delitos de desprezo pelo Congresso. Este caso é uma raridade jurídica, já que na grande maioria dos casos em que o Congresso pede ao Departamento de Justiça que alguém seja acusado por lhe desobedecer, a intenção nunca vai a lado nenhum. Prova disso é o facto de não haver uma condenação semelhante desde 1983.
O político arrisca agora passar entre 30 dias e um ano na prisão se for condenado em cada uma das acusações. Quando se entregou ao FBI no âmbito do caso, no final do ano passado, Bannon prometeu que ia “mandar abaixo o regime de Biden”.
Despedido por Trump em 2017, desde então que Bannon saiu dos bastidores e se assumiu como uma das figuras mais influentes da direita norte-americana, especialmente com o seu podcast War Room, onde propaga muitas teorias da conspiração sobre as eleições de 2020.
Uma das revelações que despertou o interesse do comité foi quando Bannon previu com dias de antecedência que Trump se iria declarar o vencedor na noite eleitoral e que aproveitaria a confusão lançada pela contagem dos votos pelo correio para alegar que os resultados estavam a ser manipulados.
“Amanhã vai-se desencadear o inferno. Está tudo a convergir e estamos prontos para atacar amanhã”, disse Bannon a 5 de Janeiro no seu podcast depois de falar com Trump por telefone.
O conselheiro também marcou presença no hotel Willard, onde o núcleo de Trump se reunir para planear a resposta legal para tentar reverter os resultados eleitorais que deram a vitória a Joe Biden, lembra o The Guardian.
Bannon é o primeiro membro da administração Trump que vai enfrentar um julgamento criminal por recusar participar na investigação ao ataque ao Capitólio. Desde o momento em que foi acusado que prometeu lutar na justiça, dizendo até que vai ser “medieval” e “selvagem” contra os seus “inimigos”.
No entanto, desde então que tem sofrido sucessivas derrotas na antecipação do julgamento. O juiz Carl J Nichols, que foi nomeado por Trump, tem bloqueado várias defesas principais de Bannon, com a única que lhe resta a ser poder alegar que entendeu mal o prazo para responder à intimação.