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Médico de Maradona investigado por suspeitas de homicídio por negligência

EPA / Demian Alday Estévez

Diego Armando Maradona

O médico de Diego Maradona está sob investigação por suspeitas de homicídio por negligência. Leopoldo Luque desmente e diz que não tem nada a esconder.

A casa e o consultório do médico de Diego Maradona, em Buenos Aires, foram alvo de buscas, no âmbito de uma investigação à morte do antigo futebolista argentino, confirmaram fontes judiciais à agência noticiosa EFE.

De acordo com as mesmas fontes, as buscas à casa e consultório de Leopoldo Luque serviram para que fosse recolhido material de prova relevante para o caso, como o historial médico de Maradona, que morreu na quarta-feira, aos 60 anos.

Luque foi informado dos seus direitos, apesar de “não estar formalmente acusado”, algo que poderá vir a acontecer, podendo ainda vir a ser notificado para prestar declarações.

As buscas foram ordenadas após declarações prestadas no sábado por familiares diretos de ‘El Pibe’, que, no início deste mês, deu entrada num hospital de Buenos Aires, anémico, desidratado e deprimido, e acabou por ser operado, com sucesso, a um hematoma subdural, que tinha sido detetado durante um exame de rotina.

Desde que recebeu alta do hospital, em 11 de novembro, Maradona esteve a residir na sua vivenda em Tigre, na província de Buenos Aires, onde acabou por morrer na quarta-feira, após sofrer uma paragem cardíaca.

Os representantes legais da família e do próprio Maradona revelaram à EFE que a “investigação às causas da morte” do antigo jogador pretende esclarecer que tipo de tratamento médico recebeu desde a operação até ao dia da morte e quais os medicamentos que lhe estavam a ser administrados.

Os advogados da família querem igualmente que as autoridades investiguem a suposta visita do médico Leopoldo Luque à residência de Maradona, em 19 de novembro, durante a qual ambos acabaram por discutir, segundo testemunhos que foram fornecidos aos causídicos.

Ainda de acordo com as mesmas testemunhas, desde esse dia, o médico não voltou a deslocar-se ao domicílio de Maradona para lhe prestar cuidados médicos, o que poderá configurar um eventual crime, segundo os advogados.

Na sexta-feira, a justiça argentina já tinha aberto um inquérito para determinar se houve negligência na morte de Diego Maradona, ainda que fonte judicial tenha excluído nessa altura “suspeitas de irregularidades”.

O agente e advogado Matías Morla, que tornou pública na quarta-feira a morte de Maradona, denunciou que o ex-futebolista internacional argentino não recebeu assistência médica adequada e disse que iria exigir uma “investigação até às últimas consequências”.

A carreira de futebolista, de 1976 a 1997, ficou marcada pela conquista, pela Argentina, do Mundial de 1986, no México, e os dois títulos italianos e a Taça UEFA vencidos ao serviço dos italianos do Nápoles.

O Presidente argentino, Alberto Fernández, decretou três dias de luto nacional pela morte de Maradona, cujo velório e funeral, marcados por alguns tumultos, se realizaram na quinta-feira, em Buenos Aires.

Médico diz que não tem nada a esconder

Em reação às acusações, Leopoldo Luque diz que “amava” Diego Armando Maradona, que está “à disposição da justiça” e que não tem “nada a esconder”.

Luque garantiu ainda que “não houve erro médico” e que a morte do antigo craque de futebol não se deveu ao coágulo no cérebro.

“Não houve erro médico. Não há bons, nem maus, nem culpados. Fez-se tudo o que podia e até mais. Eu amava o Diego. Tudo o que fiz foi para bem dele e fiz o melhor que pude. Estou orgulhoso de tudo o que fiz”, começou por dizer.

“A sua morte nada teve a ver com o coágulo operado. Nunca pensei que isto fosse acontecer, não há erro médico. Um ataque de coração, infelizmente, é algo que poderia acontecer a alguém com os problemas que o Diego tinha. É o mais comum do mundo que alguém morra com uma paragem cardiorespiratória com um historial clínico assim”, acrescentou.

Luque revelou que, nos últimos tempos, Maradona andava “triste e deprimido” e que não era fácil ser seu médico.

“Esta semana expulsou-se me de sua casa e insultou-me. Ele quando estava assim, tratava mal toda a gente, nem queria receber as suas filhas. Expulsou-se, mas não me fui embora. Ele precisava de ajuda”, atirou.

ZAP // Lusa

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