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Médico paquistanês que ajudou a CIA a encontrar Bin Laden ainda está preso e é considerado um traidor

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(dr) IST

Osama Bin Laden ensinava pessoalmente matemática e ciências às filhas todos os dias

Antes de ser eleito, em 2016, para a presidência dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump prometeu libertar o médico paquistanês Shakil Afridi, que guiou os americanos até ao líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, em 2011, algo que ainda não aconteceu. O homem não se conforma e apela a um julgamento justo.

De acordo com um artigo da Visão, há muito que Shakil Afridi apela por um julgamento justo, depois de ter sido condenado a para cumprir 33 anos de prisão, por ordem de um tribunal superior, mas sem nunca ser formalmente acusado pelo seu papel na operação que levou as autoridades a Bin Laden.

Para já, e com o julgamento suspenso até dia 22, a pedido dos promotores do caso, parece que pela primeira vez Shakil Afridi, de 57 anos, será julgado numa audiência pública. “Fui abandonado”, mandou dizer pelo seu advogado, Qamar Nadeem.

A prisão de Shakil Afridi causou muita indignação do outro lado do Atlântico e, à época, os EUA até anunciaram a redução da ajuda monetária ao Paquistão: um milhão de euros por cada ano de prisão. Depois, durante a campanha eleitoral para a presidência, Donald Trump prometeu que o libertaria “em dois minutos, se fosse eleito”. Não aconteceu.

Além disso, apesar de ser considerado um herói na América, no Paquistão é visto como um traidor. Graças ao seu envolvimento num falso programa de vacinação, os Navy Seals da marinha americana foram capazes de sobrevoar uma boa parte do país, matar o mentor dos ataques terroristas de 11 de setembro e fugir com o corpo, sem serem intercetados.

Há dez anos que Osama Bin Laden andava a despistar quem o procurava, uma década em que apenas aparecia em vídeos alegadamente gravados no seu abrigo, nas montanhas do Afeganistão. O Paquistão sempre apregoou que é, e foi, um parceiro da luta contra o islão militante e fundamentalista. Mas até agora nada disso abonou a favor do médico.

Em 2011, Shakil Afridi era o principal responsável de saúde do distrito de Khyber, a menor das quatro províncias em que se divide o país, junto à fronteira com o Afeganistão. Supervisionou programas de vacinação à população, financiados pelos EUA – e acabou por aceitar implementar um programa contra a hepatite B, com especial atenção a Abbottabad, a cidade em que Bin Laden se abastecia.

O plano, montado pela CIA, era obter uma amostra de sangue das crianças que moravam na zona sob suspeita, para que os testes de ADN pudessem determinar se eram, ou não, parentes de Bin Laden.

Terá sido com esse intuito que um dos responsáveis da equipa de Shakil Afridi visitou o complexo em causa e recolheu sangue, embora nunca se tenha realmente comprovado se isso foi realmente determinante para os americanos localizarem, com sucesso, o seu alvo.

Mas 20 dias depois da morte de Bin Laden, a 23 de maio de 2011, Shakil Afridi seria preso – e a sua família passou a viver escondida, com receio de represálias. Em janeiro do ano seguinte, oficiais dos EUA admitiriam publicamente que o médico trabalhava para a agência de inteligência americana. Em sua defesa, o responsável de saúde alega que não sabia quem era o alvo da operação, quando a CIA o recrutou.

ZAP // //

3 Comments

  1. Por causa deste truque, o programa de vacinação no Paquistão parou. Todos os voluntários que procediam à vacinação de crianças paquistanesas passaram a ser suspeitos de trabalharem para a CIA e ficaram com as suas vidas em risco.

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