Medicina tradicional chinesa é uma pseudociência? Novo estudo sugere algo diferente

A Medicina Tradicional Chinesa, muitas vezes considerada uma pseudociência, foi objeto de um estudo inovador que revela uma complexa rede de proteínas subjacentes aos seus princípios.

Um novo estudo, publicado recentemente na revista Science Advances, desafia o ceticismo da comunidade científica, sugerindo que a medicina tradicional chinesa pode ter mais em comum com a medicina moderna do que se pensava.

A medicina tradicional chinesa, que remonta a 3 mil anos, é um dos sistemas médicos mais antigos do mundo. Com raízes no equilíbrio entre o yin e o yang, trata os sintomas e não as doenças, o que representa um desafio para a ligação à medicina moderna.

Embora a eficácia de cada uma das ervas da medicina tradicional chinesa tenha sido reconhecida, a prática holística foi muitas vezes considerada um mito.

Centrando-se no herbalismo, a equipa internacional de investigadores mapeou as proteínas associadas aos sintomas e as proteínas-alvo dos produtos químicos das ervas na rede de interação de proteínas humanas. Esta abordagem procurou revelar as ligações intrincadas da medicina tradicional chinesa e a sua potencial base científica.

De acordo com o South China Morning Post, os cientistas descobriram que as proteínas associadas a um sintoma tendem a agrupar-se, espelhando a natureza complexa das doenças influenciadas por vários fatores.

Quanto mais próximo o alvo de uma erva se encontrava de um grupo de sintomas, mais provável era que a erva fosse considerada eficaz para tratar esse sintoma.

Esta observação alinha-se com as relações modernas entre medicamentos e doenças, sugerindo semelhanças entre a medicina tradicional chinesa e a medicina contemporânea.

Para validar as suas conclusões, os investigadores recolheram dados médicos de mais de 1.900 doentes com cirrose hepática. Analisando 114 sintomas e ervas associadas, identificaram 86 pares ervas-sintomas em que os doentes a quem foram prescritas as ervas apresentaram uma taxa de recuperação significativamente mais elevada do que o grupo de controlo.

O estudo marca a primeira tentativa de traduzir sistematicamente as práticas tradicionais em conhecimentos biomédicos modernos. Os investigadores acreditam que, ao descobrirem os fundamentos científicos da medicina tradicional chinesa, podem aproveitar a sua sabedoria para criar melhores métodos de tratamento e novos medicamentos.

No entanto, como é realçado num artigo da McGill University, os críticos argumentam que a complexidade do estudo e a dependência de mapas gerados por computador tornam difícil tirar conclusões definitivas.

Embora reconheçam a natureza interessante da investigação, os céticos sublinham as limitações, incluindo a ausência de ensaios clínicos e a natureza diversa e inconsistente dos componentes à base de plantas.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.