Marisa Matias critica duplicidade do PS e Pedro Marques salienta via das “contas certas”

GUE/NGL / Flickr

A eurodeputada Marisa Matias, eleita pelo Bloco de Esquerda

A cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias criticou hoje o PS por estar na “geringonça” em Portugal, mas entender-se com a direita na Europa, enquanto o “número um” socialista defendeu a alternativa à esquerda com contas certas.

Estas posições foram trocadas em mais um frente-a-frente da RTP Informação, que durou 30 minutos e que opôs os cabeças-de-lista do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, e do PS, Pedro Marques – um debate que foi travado sempre de forma muito cordial.

Já no final do debate, Marisa Matias referiu que o primeiro-ministro, António Costa, no sábado, vai participar num comício do movimento político do Presidente francês, Emmanuel Macron, onde estarão igualmente outros destacados dirigentes liberais e antigos líderes de governo de “direita”.

“O que temos assistido é que o PS defende aqui a geringonça, defende aqui a solução de Governo encontrada, mas, no plano europeu, não é normalmente com a esquerda que faz alianças. É uma mensagem muito equívoca, porque estamos aqui e defender a geringonça e, na Europa, está António Costa ao lado da direita e não da esquerda”, acusou.

O cabeça-de-lista do PS reagiu, contrapondo que a lista dos socialistas portugueses recebeu o apoio do Presidente Macron, mas, também, do primeiro-ministro grego, Aléxis Tsipras, cujo partido, o Syriza, já foi muito próximo do Bloco de Esquerda do ponto de vista político. “É ao lado da Europa”, rematou Pedro Marques ainda sobre a presença do seu secretário-geral nesse comício.

O ex-ministro socialista admitiu diferenças entre as correntes socialista, de centro-esquerda, e as liberais mais centristas, “mas com alguns desses líderes ou chefes de Estado consegue-se falar, porque não estão voltados para os nacionalismos”. “É bom que a coligação de europeístas tenha força para combater os nacionalistas, os populistas e a extrema-direita”, argumentou.

Marisa Matias procurou também traçar linhas de demarcação com o primeiro-ministro português, sobretudo no plano europeu, por não ter reestruturado a dívida, por respeitar o Tratado Orçamental e por não se ter oposto ao acordo entre a União Europeia e a Turquia sobre os refugiados.

Pedro Marques respondeu que se conseguiu que as regras do Tratado Orçamental não integrassem o Tratado da União Europeia, mas defendeu que o caminho financeiro seguido por Portugal credibilizou no plano externo a atual solução governativa.

Neste ponto, o “número um” da lista do PS às europeias afastou qualquer reestruturação unilateral da dívida, alegando que o caminho seguido pelo país permitiu já uma redução significativa dos juros a dez anos de Portugal nos mercados internacionais, o que, em consequência, resultou numa descida do peso da dívida – algo que ilustrou com o pagamento antecipado ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

Na questão dos refugiados, Pedro Marques reconheceu os motivos de insatisfação de Marisa Matias sobre o acordo com a Turquia, lamentando que não exista ainda uma elevada solidariedade europeia, apesar de ter considerado Portugal “um exemplo” no domínio das políticas migratórias.

Neste debate, Marisa Matias criticou os maiores partidos do país por nunca terem permitido que os portugueses se pronunciassem sobre as diferentes fases do processo de integração, invocando mesmo uma promessa não cumprida no primeiro Governo liderado por José Sócrates. “O tema que preocupa as pessoas não é o dos referendos. Os portugueses são europeístas”, ripostou Pedro Marques.

// Lusa

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