Mais de 170 padarias multadas por restrição de venda de pão na Venezuela

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Nas últimas 48 horas, foram multadas 171 padarias, incluindo várias propriedade de portugueses radicados na Venezuela, por, alegadamente, estarem a restringir a oferta e a condicionar a venda de pão, anunciaram este domingo as autoridades venezuelanas.

“Não há razão para que os donos das padarias apliquem estes mecanismos de restrição da oferta, quando o Estado venezuelano, através do Ministério Popular para a Alimentação, tem garantido a matéria-prima básica, como é a farinha de trigo”, disse William Contreras, da Superintendência Nacional para a Defesa dos Direitos Socioeconómicos.

William Contreras falava aos jornalistas durante uma inspeção à Gran Majestic II, uma padaria propriedade de empresários portugueses que também foi multada e obrigada a encerrar por um período de 72 horas.

O responsável explicou que chegaram recentemente à Venezuela, 27 mil toneladas de farinha de trigo, provenientes do Canadá, e que algumas padarias foram ainda sancionadas por boicote, açambarcamento e insalubridade.

“Estamos também a fiscalizar as empresas que distribuem este farinha de trigo às padarias, uma vez que temos recebido denúncias de condicionamentos e restrição no fornecimento”, frisou.

“Desculpe, não temos pão”

Desde o passado mês de fevereiro que o setor venezuelano da panificação se declarou em emergência por falta de matéria-prima para fazer o pão e outros produtos, sendo frequente os letreiros com mensagens como “desculpe, não temos pão, por falta de farinha” em muitas padarias da Venezuela.

Em resposta, o Governo venezuelano anunciou a importação de mais de 50 mil toneladas de farinha de trigo, o que permitiu às padarias continuarem a funcionar.

No entanto os empresários queixam-se que o abastecimento de matéria-prima é irregular e insuficiente, o que tem levado a limitar a produção de pão a uma ou duas vezes ao dia e a venda a dois pães por pessoa.

Segundo o presidente da Federação Venezuelana de Industriais de Panificação e Afins (Fevipan), Tomás Ramos, as importações são insuficientes.

“Para que o inventário de farinha de trigo na Venezuela atinja níveis normais tem que haver 100 mil toneladas de matéria-prima nos moinhos e outras 100 mil toneladas em trâmites de importação”, mensalmente, disse aos jornalistas.

Por outro lado, segundo o presidente da Federação de Trabalhadores da Farinha (Fetraharina), Juan Crespo, cinco dos oito moinhos de trigo existentes no país “estão paralisados” por falta de matéria-prima.

Na Venezuela vigora, desde 2003, um apertado sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção local de moeda estrangeira e obriga os empresários a recorrerem ao Executivo para obterem as autorizações necessárias para aceder às divisas (dólares) para as importações.

No entanto são cada vez mais frequentes as queixas de demoras e dificuldades para obter as autorizações e de que em muitos casos as divisas autorizadas são insuficientes e não são entregues atempadamente.

/Lusa

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