Muitos dos casos são apenas identificados quando os doentes chegam às urgências por outros motivos e são sujeitos ao teste obrigatório.
Segundo avança o Expresso, a maioria dos pacientes com covid-19 nos dois hospitais portuenses — São João e Santo António — foram, na verdade, internados devido a outras doenças e apesar de testarem positivo à presença do vírus, não têm doença covid-19.
José Artur Paiva, director do serviço de Medicina Intensiva do Hospital de São João, revela que apesar dos números da DGS contarem todos os doentes internados que testaram positivo, a maior parte dos pacientes “é internada com este vírus e não por causa do vírus”.
No São João, os dados de segunda-feira mostraram que dos 114 doentes internados que testaram positivo, só 34 foram hospitalizados devido à covid-19. Destes 34, 20 estavam na enfermaria e 14 nos cuidados intensivos. No total, 70% dos internados positivos não foram hospitalizados devido à covid-19.
Já no caso do Hospital de Santo António, a percentagem cai para 54%, mas a maioria dos casos positivos identificados em doentes internados continua a não se dever à covid-19. Os dados divulgados pelo hospital mostram que do total de 84 pacientes infectados, apenas 39 ficaram hospitalizados por causa da doença causada pelo vírus SARS-CoV-2.
Apenas nove destes estavam nas unidades de cuidados intensivos, sendo que entre as restantes, algumas testaram positivo depois darem entrada nas urgências por outros motivos e outras ficaram infectadas depois de uma cirurgia.
O Norte tem sido uma das regiões do país mais afectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia e os hospitais notam a chegada de “muitos casos assintomáticos” que só são identificados depois do teste obrigatório que é feito à entrada das urgências.
“A fatia de casos graves ocorre fundamentalmente na fina franja de pessoas que não se vacinaram e noutra franja, a de pessoas que, apesar de terem feito a vacinação, têm doenças que lhes limitam a função imunológica”, revela José Artur Paiva, que acrescenta que “podemos admitir que as outras doenças tinham, em 2019, a mesma incidência que têm hoje” já que não há “nenhuma evidência de que ser portador do SARS-CoV-2 aumenta outras doenças”.