Empresa que confecionou carne com listeria assegura que cumpre requisitos de higiene

O gerente da Magrudis, empresa onde foi produzida a carne que originou um surto de listeriose em Espanha, assegurou que a fábrica tinha um protocolo diário de limpeza e de higiene.

A Ordem dos veterinários de Sevilha acredita que o surto de listeriose causado por um rolo de carne comercializado pela Magrudis se deve a falha interna da empresa, “muito provavelmente, falta de higiene no processo de fabricação do produto”.

Em comunicado, o colégio da especialidade entendeu que o surto “é indubitavelmente devido a um facto pontual e perfeitamente localizado”, que revela “a existência mais do que provável de falhas nos sistemas internos de autocontrole da indústria de produção e, especialmente, a mais do que possível ausência de controles” de listeria de acordo com o regulamento CE 2073/2005 da União Europeia.

Os veterinários argumentam que o sistema de segurança alimentar por que se rege a comunidade autónoma da Andaluzia e todo o Estado é “um dos mais seguros do mundo”, a ponto de ter sido “adotado para outros países”.

Este sistema baseia-se num duplo mecanismo de controlo: por um lado, o chamado autocontrolo que as próprias empresas produtoras devem exercer e, por outro, o controlo exercido pela administração pública competente.

“Não há evidências de que a carne de porco usada seja responsável pela infeção, mas sim o processo de manipulação que ocorre após a carne ser assada”, pelo que “não há razão para emitir um alerta alimentar que recomende travar os produtos de carne suína cuja saúde ainda esteja plenamente garantida”, acrescenta a Ordem.

Em declarações ao jornal ABC, o gerente da Magrudis, José Marín, assegurou que a fábrica em Sevilha tinha um protocolo diário de limpeza e de higiene. “Se as bactérias são encontradas em salas de cirurgias como podem não estar na minha fábrica?”, questionou.

O responsável disse ainda que foram tomadas todas as medidas  na fábrica para evitar situações como esta e explicou que “dias antes de a carne ser embalada”, um relatório externo à Magrudis certificava que a carne assada “não tinha listeria”.

“Embora isto não signifique a ruína, vai custar-nos muito ultrapassar esta situação”, lamentou o gerente, que lamenta também a situação em que se encontram as pessoas infetadas.

Entretanto, a Junta da Andaluzia confirmou três novos casos de infeção por listeria, localizados em Sevilha e Cádis, pelo que o número de pessoas afetadas, desde que o alerta de saúde foi decretado, é de 192 doentes.

A organização FACUA – Consumidores em Ação também criticou a Junta de Andaluzia, o Ministério da Saúde e a Câmara Municipal de Sevilha por não mostrarem imagens do rolo de carne com listeria fabricado pela Magrudis para o distribuidor comercial Martínez León, que cria “alarme” nos consumidores.

A organização censurou que os consumidores não possam identificar a carne picada contaminada pela listeriose da marca branca da Magrudis. Além disso, adverte, em comunicado, sobre a possibilidade de pequenos comerciantes e estabelecimentos de hotelaria terem comprado o rolo de carne fabricado para a Comercial Martínez León em estabelecimentos que o vendiam, e que “também têm dificuldade em identificá-lo”.

A associação lembra que a Junta da Andaluzia informou a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (Aesan), pertencente ao Ministério da Saúde, de que a carne de “La Mechá” que foi comercializada como uma marca branca pela empresa Comercial Martínez León estava mal rotulada.

A Junta confirmou que o produto tem a mesma apresentação que o comercializado pela Magrudis, mas não aparece no rótulo nenhuma marca, apenas a informação nutricional, segundo a Aesan.

Para a saúde, isto é “uma deficiência gravíssima”, porque a rotulagem incorreta permite a comercialização deste produto — quando não deveria permitir — e impossibilita o consumidor de o associar ao produto da Magrudis ligado ao surto.

Perante essa situação, a Aesan insiste na importância de adquirir apenas produtos corretamente rotulados, nos quais seja possível saber quem é o responsável por colocá-los no mercado.

Em Portugal, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária esclareceu que a carne contaminada e os produtos com origem na Magrudis não são comercializados em território português.

A listeriose é uma infeção causada pela bactéria Listeria monocytogenes, habitualmente associada ao consumo de alimentos contaminados. De acordo com informação disponível no site do SNS24, pode causar febre, calafrios, dores musculares, enjoo, vómitos e diarreia.

A Direção Geral de Alimentação e Veterinária alerta os viajantes que tenham como destino as regiões de Madrid e Andaluzia, para a necessidade de adoção de medidas preventivas, nomeadamente a eliminação de produtos da marca que eventualmente possam ter adquirido.

ZAP // Lusa

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