Nicolás Maduro acusa Juan Guaidó de ter preparado o seu assassínio

Miguel Gutierrez / EPA

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

O Presidente da Venezuela acusou o líder da oposição de ter preparado o seu homicídio com os participantes na tentativa de invasão marítima de domingo para alegadamente perpetrarem um golpe de Estado no país.

“É um ladrão, um narcotraficante, capaz de assinar um contrato para que matem o seu adversário político. É um criminoso e ele fez isso. Preparou o meu assassínio. É um fracassado e alguém terá que reconhecer isso”, disse, na quinta-feira, Nicolás Maduro.

O Presidente falava à estação de televisão multi-estatal Telesul, durante uma entrevista em que voltou a acusar o homólogo colombiano, Iván Duque, e os Estados Unidos de estarem envolvidos na alegada tentativa de golpe de Estado contra o regime venezuelano.

“Um dos objetivos de Duque era assassinar-me, mas graças a Deus estou vivo”, frisou.

Por outro lado, o chefe de Estado adiantou que “neste momento não há diálogo político entre a Venezuela e os EUA” e, após os recentes acontecimentos, Washington rompeu os canais de comunicação com Caracas.

“Depois de 3 de maio as relações foram cortadas, mas sempre havia canais de informação. Eles aplicaram o mute, o silêncio total, e não respondem às nossas mensagens”, acrescentou.

Maduro frisou ainda ter recomendado, recentemente, ao chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, que deixe a sua obsessão contra a Venezuela.

“Dei um conselho a Mike Pompeo. Que pense, que deixem a arrogância e a prepotência, que reconheçam a nossa força. Que somos de verdade. Que somos milhões. Temos experiência, capacidade e um legado. Não têm podido, nem poderão connosco. Fracassou-lhes a laia de Juan Guaidó e terão que admitir que falharam para impor um presidente fantoche”, destacou.

As declarações de Nicolás Maduro surgiram um dia depois de ter explicado, em conferência de imprensa, que uma possível detenção de Guaidó “não depende” da sua resposta e de o acusar de ter ligações com os organizadores da frustrada invasão marítima.

“Depende dos órgãos da Justiça na Venezuela e será o Ministério Público e os tribunais a determinarem se deve ser detido ou não”, declarou Nicolás Maduro.

O Governo venezuelano anunciou, no domingo, que oito pessoas morreram e duas foram detidas numa primeira tentativa de ataque marítimo que ocorreu no estado de La Guaira, vizinho de Caracas. Segundo o Presidente, a invasão marítima frustrada tinha como “objetivo central” o seu assassínio.

Na segunda-feira, dois norte-americanos e 11 pessoas foram detidas numa segunda embarcação que se aproximava de uma área costeira do Estado central de Arágua.

Assessor de Guaidó pagou contrato para um ataque

Entretanto, numa entrevista à CNN para a América Latina, citada pelo jornal Público, Juan José Rendón, assessor de Guaidó, admitiu que contratou, por 50 mil dólares, a empresa americana Silvercorp para realizar um ataque na Venezuela.

“Foi uma coisa que foi explorada para ver a possibilidade de capturar e entregar à justiça membros do regime com acusações, mandados de captura, etc.”, contou o assessor, acrescentando que foi apenas “um acordo preliminar”.

“Perceba-se que isto não se passou dos preâmbulos“, disse Rendón, acrescentando que foram feitas “muitas reuniões para determinar os aspetos jurídico, militar, económico, financeiro, internacional e diplomático de uma ação de captura”.

O assessor explicou que Juan Guaidó não concordou com o plano e que a operação não deveria ter sido realizada. Rendón confirmou que o dinheiro foi pago, mas que depois foram avisados de que o plano estava “cancelado”.

Esta semana, o líder da oposição negou qualquer “ligação, compromisso ou responsabilidade” com a empresa Silvercorp, do ex-militar de operações especiais dos Estados Unidos Jordan Goudreau.

A crise política, económica e social venezuelana agravou-se desde janeiro de 2019, depois de o presidente do Parlamento, Juan Guaidó, jurar publicamente assumir as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres e democráticas na Venezuela. Guaidó tem o apoio de mais de meia centena de países.

ZAP // Lusa

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