Madeira queimada do Pinhal de Leiria “foi para a China”

Miguel A. Lopes / Lusa

Uma boa parte da madeira que ardeu no Pinha de Leiria, nos grandes incêndios de 2017, “foi para a China”. É o presidente da Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente quem o diz, receando que estas empresas venham a sentir falta de matéria-prima de qualidade.

Após três anos, está quase toda vendida a madeira queimada no grande incêndio no Pinhal de Leiria que consumiu 86% da sua área total.

Em declarações ao Jornal de Notícias (JN), o presidente da Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA), Pedro Serra, nota que grande parte dessa madeira “foi para a China”.

O pinho que poderia “alimentar” as indústrias de transformação portuguesas foi, assim, exportado para o mercado chinês. O sector está, agora, preocupado e “muitas das empresas poderão ter sérias dificuldades por falta de matéria prima de qualidade”, conforme fontes contactadas pelo JN.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) afiança que não sabe para onde foi a madeira, notando que não precisa de saber “o volume, o valor ou o destino da madeira ardida nas matas nacionais e perímetros florestais da região Centro Litoral que foi exportada”.

A situação assume importância à luz da decisão do Governo de avançar com 10 milhões de euros para a criação de 33 parques, no rescaldo dos incêndios de 2017, para captar um milhão de toneladas de madeira ardida para dar apoios ao sector. Estes parques acabaram por receber apenas 158.318 toneladas, conforme revelam as mesmas fontes ao JN.

As hastas públicas promovidas pelo ICNF “demoraram a ser realizadas e não o foram na frequência anunciada” e o aviso de abertura de concurso público para a criação dos parques “só foi publicado em Fevereiro de 2018”, lamenta ao JN o presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), Vítor Poças.

Além disso, “houve uma gralha na publicação” do despacho com as regras para beneficiar dos apoios públicos e que obrigava a identificar o proprietário da madeira ardida, o que acabou por afastar muitos dos intermediários, como analisa ainda Vítor Poças.

ZAP //

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