Macron critica Reino Unido por não concretizar as suas “grandes declarações” sobre acolhimento de ucranianos

Macron aplaudiu a mudança recente de política no Reino Unido, mas acredita que o país não está a fazer o suficiente para ajudar os ucranianos.

Emmanuel Macron criticou o Governo britânico pela sua postura e falta de apoio aos refugiados ucranianos. No fim da cimeira da União Europeia em Versalhes, o presidente francês lançou várias farpas ao executivo de Boris Johnson, acusando-o de apenas fingir que está a liderar o mundo na ajuda às vítimas na guerra.

O chefe de Estado francês acredita que ao insistir que as candidaturas a vistos tenham de ser feitas pessoalmente em Bruxelas ou Paris, o Governo britânico estava a acrescentar ainda mais problemas a pessoas que já estão numa situação desesperada, escreve o The Guardian.

Macron acusou ainda os responsáveis britânicos de falharem e não concretizarem as suas “grandes declarações”. “Espero que os homens e mulheres ucranianos que viverem um terror e atravessaram a Europa para chegarem às suas famílias no Reino Unido sejam tratados melhor“, afirmou.

Na declaração em Versalhes, a União Europeia comprometeu-se a “oferecer protecção temporária a todos os refugiados de guerra da Ucrânia”. O Reino Unido é assim uma das poucas nações na Europa que insiste que até os ucranianos que já tenham familiares no país têm de pedir vistos.

Até quinta-feira, Priti Patel, Ministra do Interior britânica, argumentava que as burocracias eram necessárias para prevenir a entrada de agentes russos no país. No entanto, o processo já foi mais agilizado depois das críticas dos deputados à política do Governo, podendo agora os ucranianos que tenham passaportes fazer candidaturas a vistos através da internet.

Macron aplaudiu esta mudança, mas pede mais. “Acho que ninguém tinha percebido que com as grandes declarações que partilhamos com o Governo britânico, continuassem a aplicar as regras actuais que significavam que os refugiados ucranianos não eram bem-vindos por terem de viajar centenas de quilómetros só para se candidatarem a um visto”, criticou.

“É um vislumbre de pragmatismo que estão a começar a alinhar-se com as suas declarações, o que é um passo na direcção certa, apesar de ainda faltar ser feita muita coisa”, afirmou Macron.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também viu com bons olhos a mudança de política no Reino Unido. “Agradecemos esta melhoria para os refugiados ucranianos, é um passo na direcção certa“, comentou.

Até agora, o Reino Unido só aceitou dar 957 vistos das 22 mil candidaturas que recebeu. A política que obrigava a que os pedidos fossem feitos pessoalmente causou o caos em Calais durante a semana, com a chegada de ucranianos que só aí foram informados que tinham de ir a Paris ou Bruxelas para fazerem as candidaturas.

Na União Europeia, os ucranianos estão a poder ficar nos países a longo prazo sem vistos, mas o Reino Unido apenas permite a entrada nessas circunstâncias a quem já tem família no país ou se os refugiados forem patrocinados por uma organização.