Macron: “Isto é muito mau. Prefiro bater o pé”

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Emmanuel Macron e Lula da Silva na Amazónia

Presidente de França olhou para o acordo comercial UE-Mercosul e não gostou do que viu. Quer já um novo acordo porque é “muito mau para os dois lados”.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou no Brasil que o acordo comercial que está a ser negociado entre a União Europeia e o bloco sul-americano Mercosul é um “acordo muito mau” e apelou à construção de “um novo”.

“Prefiro bater o pé”, afirmou num fórum económico em São Paulo (sudeste do Brasil), acrescentando: “tal como é negociado hoje é um acordo muito mau, para vocês e para nós“.

Não há nada neste acordo que tenha em conta a questão da biodiversidade e do clima. Não há nada. É por isso que digo que não é bom”, afirmou perante uma plateia de empresários brasileiros, no segundo de três dias da visita de Estado de Emmanuel Macron ao Brasil.

O Presidente francês apelou à conclusão de um outro acordo que tenha em conta as questões ambientais tanto para a UE como para o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia).

Acabemos com o Mercosul de há 20 anos. Vamos construir um novo acordo (…) que seja responsável do ponto de vista do desenvolvimento, do clima e da biodiversidade”, continuou.

A União Europeia e o Mercosul fecharam em 2019, após 20 anos de negociações, um Acordo de Associação Estratégica sem precedentes, que criará uma das maiores áreas de comércio livre do mundo.

O acordo cria um mercado de 770 milhões de habitantes com cerca de 100 mil milhões de euros em comércio bilateral de bens e de serviços.

O Presidente francês já se manifestou mais do que uma vez contra este acordo comercial, cujas regras não são, na sua opinião, homogéneas com as regras europeias.

O projeto de tratado, cujas discussões começaram em 1999, visa eliminar a maior parte dos direitos aduaneiros entre as duas zonas, criando um espaço de mais de 700 milhões de consumidores.

Depois de ter sido alcançado um acordo político em 2019, a oposição de vários países, incluindo a França, bloqueou a sua adoção final, uma oposição que se tornou mais forte com a crise agrícola que assola a Europa.

Outros países europeus, como a Alemanha e a Espanha, defendem a sua conclusão e entrada em vigor.

No início do mês, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em visita oficial ao Brasil mostrou-se confiante na assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, apesar da oposição francesa.

A Europa, “depois da guerra na Ucrânia, aprendeu a lição de que é preciso encontrar novos parceiros, diversificar as relação políticas, económicas e empresariais”.

“Para a União Europeia, seria espetacular ter um acordo“, porque vai “promover uma mudança na geopolítica global”, frisou o primeiro-ministro espanhol.

O Mercosul e a União Europeia mantêm desde 1999 um acordo de comércio livre. As negociações foram interrompidas em 2004 e retomadas em 2010, mas ganharam velocidade a partir de 2016, quando o Mercosul começou a sair do seu confinamento comercial e à medida que os EUA consolidavam uma postura protecionista na relação com o mundo.

ZAP // Lusa

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