Uma equipa internacional de cientistas, liderada por especialistas da Universidade de Salamanca (USAL), em Espanha, anunciou ter descoberto uma nova propriedade da luz relacionada com a capacidade de acelerar ou desacelerar a velocidade de rotação de um feixe de luz, revelou um novo estudo.
“É uma nova propriedade que até agora não tinha sido observada”, afirmou a física ótica da USAL, Laura Rego, que é também a autora principal do estudo, citada em comunicado.
De acordo com a nova publicação, cujos resultados foram este mês publicados na revista científica Science, a nova propriedade da luz – a que os cientistas chamaram “auto-torque” – sustenta que um feixe de luz tem a capacidade de alterar a sua rotação por si só.
Em meados de 1992, os cientistas descobriram que um feixe de luz poderia ter um momento angular orbital, ou seja, o feixe de luz é capaz de se torcer à medida que se propaga, estando cada fotão a circular à volta do centro do feixe.
Agora, o novo estudo vem defender que o feixe de luz não só se pode torcer como também é capaz de controlar a velocidade de rotação. Este movimento, segundo explicam os cientistas, pode forçar uma torção sem que sejam necessárias forças externas.
Rego frisou o feito inédito da sua equipa: “É a primeira vez que alguém previu e até observou esta nova propriedade da luz”, assegurou, citada na mesma nota.
A cientista, em declarações ao jornal espanhol El País, compara a nova descoberta a um condutor que move as duas mãos em sentidos diferentes para girar o volante. “Previmos teoricamente e observamos de forma experimental que o mesmo é possível com feixes de luz. Podemos mudar a velocidade de rotação, ou seja, mudar o momento angular da luz, algo que até agora não havia sido feito”, exemplificou.
Sob condições apropriadas, o feixe tem a capacidade de acelerar ou desacelerar a sua rotação por si só – esta é a nova propriedade da luz, que se junta agora às mais antigas, como a intensidade (ou amplitude) e o comprimento de onda.
A investigação, que contou com a colaboração de cientistas da Universidade do Colarado, nos Estados Unidos, e do Instituto de Ciências Fotónicas, em Espanha, pode ter aplicações futuras para o estudo e manipulação de átomos, proteínas, moléculas e até vírus, aponta ainda o diário espanhol.
A descoberta poderá ainda ser utilizada para armazenar uma maior quantidade de informação na luz que se utiliza nas telecomunicações, permitindo a criação de dispositivos tecnológicos mais pequenos e rápidos, aponta a National Geographic.