Luta independente: Polícias não querem associar-se a partidos políticos

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Miguel A. Lopes / Lusa

Elementos do PSP e GNR integrantes do Movimento Zero manifestam-se de costas voltadas para a cerimónia do Dia da Polícia 2019

Os sindicatos dos polícias viram costas ao aproveitamento político da sua causa e apelam aos partidos para não estarem na manifestação desta quarta-feira, em Lisboa.

A contestação dos elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP), juntamente com os militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), começou no dia 7 deste mês, após o Governo ter aprovado, em novembro, o pagamento de um suplemento de missão exclusivamente para as carreiras da Polícia Judiciária (PJ) de quase 700 euros por mês.

Os elementos da PSP e da GNR queixam-se de um “tratamento desigual e discriminatório”, por parte do Ministério da Administração Interna.

Como detalha o jornal Público, na edição desta quarta-feira, no caso do diretor nacional da PJ, o aumento chega aos 725 euros mensais.

De acordo com o matutino, o diploma da discórdia vai permitir que os 900 polícias da Judiciária e mais algumas centenas de profissionais das carreiras especiais recebam retroativos desde Janeiro do ano passado.

Polícias demarcam-se da Política

A plataforma de sindicatos e associações da PSP e GNR, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança, pediu aos partidos políticos para não comparecerem na manifestação agendada para esta quarta-feira, em Lisboa.

Segundo a plataforma, o ofício enviado aos partidos a apelar à ausência de políticos na concentração – em que são esperados milhares de elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR) – deve-se à vontade de “preservação da independência, maturidade e legítima luta”.

Num dos primeiros dias de protesto, o líder do Chega André Ventura tentou juntar-se à causa, mas não foi bem recebido pelos polícias.

André Ventura apareceu numa vigília de protesto em Ponta Delgada, nos Açores, junto ao Palácio de Santana: “Calhou de estar nos Açores, nesta altura, e não podíamos deixar de vir ter aqui convosco. Sei que é uma altura muito difícil e estamos ao vosso lado nesta luta”, começou por dizer o líder do Chega quando foi interrompido por uma agente de 57 anos.

“Eu faço 24 horas por dia, de sábado para domingo, tenho direito a uma folga” e “não quero saber do senhor aqui, eu não quero saber aqui de nenhum político”, atirou a agente em declarações divulgadas pela RTP

A concentração de hoje está prevista para as 17h30 no Largo do Carmo, seguida de desfile até à Assembleia da República.

Na plataforma estão reunidos sete sindicatos da PSP e quatro associações da GNR, que já convidaram os partidos para uma reunião no dia 26 de janeiro para que esta questão seja discutida e assumida uma posição para o futuro.

Os protestos começaram por iniciativa de um agente da PSP em frente à Assembleia da República, em Lisboa, e estão a mobilizar cada vez mais elementos da PSP e GNR em todo país, sendo as iniciativas organizadas através de redes sociais, como Facebook e Telegram.

 

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. “Independentes” dos partidos e também das boas práticas que as forças de segurança não podem, não devem preterir.
    Os mesmos agentes que entoam o Hino Nacional, desonram a Assembleia da República, virando-lhe as costas.
    O que tem o senhor Presidente da República a dizer sobre isto? Nada???!!!!
    Pois eu tenho e, enquanto portuguesa e democrata
    NÃO LHES ADMITO!

  2. Oh D. Lucinda, com todo o respeito, o que me diz dos políticos (com poucas e honrosas excepções) que viram as costas a toda a NAÇÃO, continuando a “sacar” para eles e para as “elites”, desprezando todos os que verdadeiramente sofrem?

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