Lula demite ministro dos Direitos Humanos, acusado de assédio sexual por professora

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Antônio Cruz / Agência Brasil

O ministro brasileiro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida participa de cerimónia de reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos

Uma professora e candidata a vereadora nas municipais brasileiras acusou hoje o ministro dos Direitos Humanos de assédio sexual, sendo a primeira mulher a sair do anonimato após denúncias da organização não-governamental Me Too.

O ministro dos Direitos Humanos do Brasil, Sílvio Almeida, é acusado de assédio sexual por Isabel Rodrigues, professora e candidata a vereadora de Santo André, município em São Paulo, pelo Partido Socialista.

Isabel Rodrigues partilhou um vídeo nas suas redes sociais dizendo que, há cinco anos, durante um almoço com alunos de um curso de Direito do agora ex-ministro, este estava sentado ao seu lado e, em determinado momento, passou a mão por baixo da sua saia.

“Ele levantou a saia e colocou a mão nas minhas partes íntimas, com vontade. Eu fiquei estarrecida, fiquei com vergonha das pessoas, porque é assim que as vítimas se sentem”, detalhou Isabel Rodrigues.

A candidata a vereadora disse ainda que após o almoço ligou ao agora ministro dos Direitos Humanos, tendo dito: “Você cometeu uma violência sexual comigo, você é advogado e sabe que isso é violência”.

As acusações contra Sílvio Almeida, o único ministro negro do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva e que se diz vítima de uma “campanha” racista, foram veiculadas pelo site Metrópoles e ratificadas pela Me Too, segundo a qual várias mulheres, cujas identidades são mantidas em sigilo, o denunciaram.

Perante a natureza e gravidade das acusações, o presidente brasileiro, Lula da Silva, demitiu o ministro, indicou a Presidência brasileira.

“Diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida e depois de convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, no início da noite desta sexta-feira, o Presidente Lula decidiu pela demissão do titular da Pasta de Direitos Humanos e Cidadania”, lê-se no comunicado da presidência brasileira.

Na mesma nota, lê-se ainda que “o Presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual”.

O meu Governo tem uma prioridade em fazer com que as mulheres se transformem definitivamente numa parte importante da política nacional. Então, eu não posso permitir que tenha assédio”, tinha dito Lula da Silva numa entrevista à rádio de Goiânia.

“Nós vamos ter que apurar corretamente, mas eu acho que não é possível a continuidade no Governo, porque o Governo não vai fazer jus ao seu discurso, à defesa das mulheres, a defesa, inclusive, dos direitos humanos, com alguém que esteja sendo acusado de assédio”, acrescentou.

O Presidente brasileiro detalhou que foi informado das denúncias de assédio contra Almeida na quinta-feira e que dará ao ministro acusado o direito à defesa e a presunção de inocência, mas acrescentou que o caso já é investigado pela Política Federal, o Ministério Público e a Comissão de Ética da Presidência da República.

“Primeiro, eu vou conversar com três ministros, vou conversar com mais duas mulheres que estão no Governo, que são ministras. Depois eu vou conversar tanto com o Sílvio Almeida quanto com a Anielle Franco e vou tomar a decisão, adiantou na altura o presidente brasileiro.

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã da ativista Marielle Franco, assassinada em 2018, é apontada como uma das possíveis vítimas de assédio.

A ministra publicou nesta sexta-feira uma nota nas redes sociais na qual diz ser “inaceitável relativizar ou diminuir episódios de violência“.

“Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi”, afirma.

Anielle Franco declarou que pressionar vítimas a falar em “momentos de dor e vulnerabilidade aumenta o ciclo de violência“, e pediu respeito à sua privacidade. “Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada”, afirmou.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Aqui na imprensa brasileira as noticias que sairam é de que lula ja sabia dos varios casos a mais de 7 meses, mas ficou esperando pra ver se caia no esquecimento.
    Como o mee too acabou revelando os casos, entao ele teve que tomar a decisao dizendo que é favoravel as mulheres.

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