Lula “comunista” e Bolsonaro “possuído pelo diabo”

O candidato à presidência do Brasil Lula da Silva afirmou na terça-feira, no início da campanha eleitoral, que o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, está “possuído pelo diabo” e que as suas mentiras não vão mantê-lo no poder.

“Se há alguém possuído pelo diabo, esse é Bolsonaro”, exclamou o ex-Presidente e líder do Partido dos Trabalhadores (PT) num ato simbólico às portas da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, seu berço político, onde na década de 1970 ficou conhecido como dirigente sindical, avançou a agência Lusa.

Lula da Silva acusou o Governo Bolsonaro de “não se preocupar com emprego” e de não ter “uma política económica” para um país que sofre com uma inflação acima de 10% e tem cerca de dez milhões de pessoas à procura de trabalho, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Cercado por centenas de metalúrgicos e representantes sindicais, o ex-Presidente chamou Bolsonaro de “fariseu” e “genocida”.

“Este país não pode ter um Presidente que ninguém quer receber, que mente sete vezes por dia, que mente para os evangélicos (…) Ele está tentando manipular a boa-fé das pessoas que vão à igreja”, denunciou Lula, aludindo às mensagens que circulam nos grupos bolsonaristas que asseguram que este fechará templos religiosos caso volte ao poder.

“Não haverá mentiras, nem ‘fake news’ para mantê-lo governando este país”, acrescentou o antigo chefe de Estado, que governou o país entre 2003 e 2010. Além disso, prometeu que “a história do Brasil vai mudar” porque “não haverá mais crianças mendigando na rua”.

“Não queremos um Governo que distribua armas, queremos livros. Não queremos um Governo de ódio, queremos um Governo de amor”, disse o candidato do PT.

Já Bolsonaro escolheu dar o pontapé de saída eleitoral em Juiz de Fora, a mesma cidade onde há quase quatro anos sofreu uma facada. O candidato à reeleição sublinhou que estava a dar o tiro de largada “de onde nos tentaram parar”.

Depois de elogiar as recentes medidas económicas do seu governo, concentrou-se a misturar referências cristãs com ataques, sobretudo a Lula. Depois de rezar um Pai Nosso, Bolsonaro disse que “a esquerdalha roubou o Brasil” e que “com Lula o país caminhará para o socialismo, para o comunismo”.

As sondagens para as presidenciais no Brasil dão vantagem a Lula, com cerca de 45% das intenções de voto, face a Bolsonaro que regista pouco mais de 30%.

A campanha eleitoral para eleger o Presidente, governadores de estado e parlamentares regionais e federais no Brasil já arrancou oficialmente. Os candidatos estão autorizados a apelar ao voto e a iniciar propaganda, inclusive na Internet.

A 26 de agosto, começam os tempos de antena na rádio e televisão, que vai até 30 de setembro para os candidatos que concorrem na primeira volta. A fase inicial da campanha eleitoral termina a 01 de outubro, véspera da primeira volta das eleições.

Prevista apenas para cargos executivos, ou seja, para as disputas do governo regional dos 27 estados do país e a Presidência da República, a segunda volta das eleições brasileiras será realizada a 30 de outubro caso nenhum candidato alcance maioria absoluta dos votos válidos na primeira votação.