JPL/University of Arizona/University of Idaho/ NASA

Lua Titã, de Saturno, obtida pela sonda Cassini da NASA
Novas imagens de abertura sintética dão-nos mais informações sobre os deltas de Titã, mas abrem novas portas e interrogações.
Rios e mares de metano líquido circulam por Titã, a maior lua de Saturno. Disso os cientistas já sabiam, informação revelada pela sonda Cassini da NASA. É aliás o único corpo planetário do Sistema Solar para além da Terra onde existe líquido de qualquer tipo a correr à superfície.
O que é estranho, percebem agora os autores de um estudo publicado o mês passado na Journal of Geophysical Research, é que Titã não tem deltas fluviais, o que está a intrigar os astrónomos. O delta forma-se quando, por exemplo, a foz de um rio se funde com o mar.
“Consideramos natural que, se há rios e sedimentos, há deltas”, escreve o líder do estudo, Sam Birch, professor assistente do Departamento de Ciências da Terra, Ambientais e Planetárias da Universidade Brown, num comunicado. “Mas Titã é estranho. É um playground para estudar processos que pensávamos entender”.
Os investigadores esperavam encontrar deltas em Titã, porque essas formações geográficas apresentam muitos sedimentos. O estudo desses sedimentos pode contar várias informações sobre o clima e a história tectónica desta Lua, e até abrir portas à compreensão de uma possível vida extraterrestre, explica a Space.
A equipa de Birch criou um modelo computacional que simula o que o SAR da Cassini a olhar para a Terra. Mas o modelo substituiu a água dos rios e oceanos da Terra pelo metano líquido de Titã.
“Basicamente, criámos imagens de abertura sintética (SAR) da Terra que assumem as propriedades do líquido de Titã em vez das da Terra”, disse Birch. “Assim que vemos imagens SAR de uma paisagem que conhecemos muito bem, podemos voltar a Titã e compreender um pouco melhor o que estamos a ver”.
Segundo os investigadores, essas imagens “resolveram grandes deltas e muitas outras grandes paisagens costeiras”, explicam os investigadores.
Só que a descoberta trouxe ainda novas interrogações para cima da mesa. Os cientistas encontraram cavidades de origem desconhecida e canais profundos no fundo dos mares e rios de Titã.
“Isso realmente não é o que esperávamos“, conclui o investigador. “Mas Titã faz isso connosco com frequência. Acho que é isso que o torna um lugar tão interessante para estudar.”