A lua está coberta de pequenas contas de vidro laranja. Sabemos finalmente porquê

NASA

Vista aos microscópio das contas encontradas na Lua pelos astronautas da NASA

Os astronautas do programa Apollo da NASA que visitaram a Lua nos anos 1960/70 descobriram que a lua está coberta de pequenas contas de vidro laranja — que são pistas sobre as condições no interior profundo da Lua numa era em que o nosso sistema solar ainda era jovem e dinâmico.

Pequenas contas de vidro laranja descobertas na lua durante a era do Programa Apollo da NASA podem revelar uma história desconhecida do vulcanismo lunar.

Quando os astronautas da Apollo pisaram pela primeira vez a superfície lunar, esperavam encontrar rochas e poeira cinzentas.

O que não anteciparam foi descobrir algo que parecia quase mágico: pequenas contas de vidro laranja brilhantes espalhadas pela paisagem da Lua como gemas microscópicas, conta o Universe Today.

Estas contas minúsculas, cada uma menor que um grão de areia, são na verdade cápsulas do tempo antigas do tempo em que a Lua estava vulcanicamente ativa, há milhares de milhões de anos.

As contas formaram-se há cerca de 3,3 a 3,6 mil milhões de anos ,durante erupções vulcânicas na superfície do então jovem satélite.

A história destas contas de vidro começa com atividade vulcânica explosiva que teria sido espetacular de testemunhar. Formaram-se quando vulcões lunares expulsaram material do interior para a superfície, onde cada gota de lava solidificou instantaneamente no vácuo frio que rodeia a lua.

Imagine erupções vulcânicas semelhantes às famosas fontes de lava do Havai, mas a acontecer no ambiente sem ar do espaço.

Sem uma atmosfera para as abrandar ou condições meteorológicas para as erodir, estas pequenas esferas de vidro permaneceram intactas durante mais de três mil milhões de anos.

Durante 50 anos, estas amostras permaneceram em laboratórios à espera que a tecnologia alcançasse a curiosidade científica. Num novo estudo, os investigadores finalmente conseguiram observar o interior das contas, usando técnicas microscópicas avançadas que não existiam durante a era Apollo.

A equipa de investigadores usou várias ferramentas de ponta, incluindo feixes de iões de alta energia e microscopia eletrónica para analisar as contas sem as danificar. Tiveram de ser extremamente cuidadosos para proteger as amostras da atmosfera da Terra, que poderia alterar os minerais antigos nas suas superfícies.

“Estas são algumas das mais incríveis amostras extraterrestres que temos, as contas são minúsculas cápsulas imaculadas do interior lunar”, diz Ryan Ogliore, professor de física na Universidade de Washington, em comunicado da universidade.

O que torna estas contas tão valiosas cientificamente é que vêm em diferentes cores e composições, contando diferentes capítulos da história vulcânica da Lua.

Algumas contas são laranja brilhante, outras são pretas e lustrosas, e cada variedade revela informações sobre diferentes tipos de erupções que ocorreram ao longo de milhões de anos.

Os minerais e a composição isotópica das superfícies das contas servem como sondas para os diferentes ambientes de pressão, temperatura e químicos das erupções lunares há 3,5 mil milhões de anos.

Os cientistas descobriram que o estilo de atividade vulcânica mudou ao longo do tempo, fornecendo informações sobre como o interior da Lua evoluiu.

Cada pequena esfera contém pistas sobre as condições no interior profundo da Lua durante uma era em que o nosso sistema solar ainda era jovem e dinâmico. “É como ler o diário de um antigo vulcanologista lunar“, diz Ogliore.

ZAP //

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