Código postal com a localização errada no Google Maps foi corrigido (três anos depois)

A localização do apartamento de Simon Borghs não estava correta no Google Maps e indicava um outro local, a cerca de dois quilómetros e meio de distância por estrada, a quem usasse essa plataforma.

Borghs já sabia: se queria encomendar comida, tinha de a ir buscar ao parque (e já não chegava quente a casa); se apanhava um táxi, significava que ia ter longas discussões com o motorista para lhe explicar que deveria seguir um caminho diferente daquele que lhe era indicado pelo GPS; e sempre que chegava uma encomenda, recebia uma chamada do estafeta, perdido noutro local.

O problema era daquele serviço de navegação, que tinha o código postal de Borghs com a localização errada – qualquer pessoa que usasse o Google Maps para encontrar a sua casa, acabava no Parque Three Mills Green, a cerca de 800 metros a pé ou 2,4 quilómetros de carro.

Mas Borghs não é o único: os centros comunitários do Google Maps têm, regularmente, partilhas de pessoas que estão numa posição semelhante e querem que o erro seja corrigido.

“O problema é que as empresas usam o Google Maps como base para as suas operações”, disse Borghs, que se mudou da Bélgica para Londres há sete anos. “Os principais problemas são com a Uber, a Uber Eats e a Deliveroo”, explicou.

“Os motoristas e ciclistas de entrega de comida vão sempre ter ao lugar errado ou perdem-se e correm o risco de ‘perder o ticket‘ – ou seja, de não serem pagos – se não descobrirem para onde ir ou se eu não os encontrar dentro do seu intervalo de tempo de entrega”, acrescentou.

Para contornar o problema, Simon Borghs tentou colocar instruções nas notas de entrega ou usar um endereço diferente nas proximidades e sair para se encontrar com os motoristas, mas a situação é incomodativa porque “acontece com qualquer pessoa que use aquele código postal: canalizadores, empregadas de limpeza, família”.

Quando se mudou, não havia qualquer erro na plataforma e a alteração da localização, conta, aconteceu de um dia para o outro. Embora o código postal permaneça igual, o Google associou-o a um novo local.

A empresa multinacional afirma que o seu serviço de mapeamento deve “modelar e refletir este mundo que está em constante evolução” e, por isso, constrói os seus mapas usando uma combinação de informações de diferentes fontes: imagens de satélite e dados recolhidos com os carros da Street View, e informações fornecidas pelos governos locais, como dados sobre novas estradas e endereços de uma área em específico.

Além disso, o Google tem ainda uma comunidade de “guias locais” que podem corrigir o mapa se souberem que é necessário proceder a alguma alteração e existe uma secção de feedback onde os utilizadores podem reportar um erro.

E foi isso que o belga fez… durante três anos. “Tentei a abordagem de ‘enviar feedback’ para alertar sobre ‘informações incorretas no mapa’ – mas esses pedidos foram fechados sem obter uma resposta. Também tentei adicionar o meu endereço completo através da opção ‘informações ausentes no mapa’, o que também não foi bem sucedido“, disse.

Além disso, Simon Borghs tentou pedir ajuda, “cinco ou seis vezes”, no fórum da comunidade no Google Maps, mas o desfecho foi o mesmo – nunca obteve uma resposta, contou ao The Guardian.

“Se o consultar durante alguns minutos, encontrará muitos posts semelhantes sobre códigos postais do Reino Unido que estão errados – alguns são respondidos, outros não”, disse ainda.

“Isso mostra que este é um problema generalizado que deveria ser resolvido pela Google de uma vez. E não por voluntários de forma fragmentada. Não há maneira de os fazer resolver o problema – isso é o mais frustrante.”

O jornal britânico entrou em contacto com a multinacional, que agradeceu o alerta e corrigiu o problema em menos de 24 horas, explicando que a empresa tanto usa meios manuais, como automatizados, para verificar a precisão e que tenta corrigir os erros assim que eles aparecem.

No entanto, não foi capaz de explicar o porquê de o problema de Borghs persistir, nem disse quantas pessoas entram em contacto com a Google para resolver problemas.

“Usamos várias fontes para modelar com precisão o mundo real, incluindo fontes confiáveis ​​de terceiros, contribuições de utilizadores e a Street View e imagens de satélite.”

“No geral, isso fornece um mapa preciso e atualizado e, quando existem imprecisões, trabalhamos para as resolver o mais rápido possível. Como sempre, encorajamos os utilizadores a que nos informem, quando algo estiver incorreto, usando a nossa ferramenta de ‘relatar um problema’, remataram.

Mas, como Borghs diz, “a nossa vida diária depende do facto de essas informações estarem corretas – pode-se argumentar que é um serviço público que não está a ser tratado com o nível de cuidado adequado”.

Sofia Teixeira Santos, ZAP //

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