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Os lobos do Yukon mudaram a dieta para sobreviver à extinção da Idade do Gelo

Hollingsworth John and Karen, U.S. Fish and Wildlife Service

Lobo cinzento em extinção (Canis lupus)

Os lobos cinzentos (Canis lupus) do território de Yukon, no Canadá, sobreviveram à extinção no final da última Idade do Gelo adaptando a sua dieta ao longo de milhares de anos.

Os lobos cinzentos estão entre os maiores predadores que sobreviveram à extinção no final da última Idade do Gelo, há cerca de 11.700 anos. Atualmente, estes animais, cujas principais fontes de alimento são as cabras-montesas e os alces, podem ser encontrados nas florestas de Yukon.

Um novo estudo mostra que os lobos cinzentos conseguiram sobreviver adaptando a sua dieta ao longo de milhares de anos, desde a principal dependência de cavalos (Equus sp.) durante a Idade do Gelo, até aos alces (Alces alces) e renas (Rangifer tarandus).

Uma equipa liderada por Danielle Fraser do Museu Canadiano de Natureza, da Universidade Carleton e do Museu Nacional de História Natural Smithsonian investigou como as dietas dos lobos cinzentos de Yukon mudaram desde o Pleistoceno.

“Podemos estudar a mudança na dieta examinando os padrões de desgaste nos dentes e traços químicos nos ossos do lobo”, disse Zoe Landry, uma estudante da Carleton University, citada pelo Sci-News.

Enquanto as marcas de arranhões indicam que o lobo consumiu carne, a presença de covas sugere que mastigou e roeu ossos. A análise mostrou que as marcas de arranhões prevaleciam nos dentes dos lobos antigos e modernos, o que significa que os lobos continuaram a sobreviver como predadores primários, caçando as suas presas.

A dieta dos lobos antigos foi avaliada através da observação das proporções dos isótopos de carbono e nitrogénio extraídos do colagénio nos ossos. Os níveis relativos dos isótopos podem ser comparados com indicadores estabelecidos para espécies específicas.

Os resultados – publicados recentemente na Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology – mostraram que os cavalos (Equus sp.), extintos durante o Pleistoceno, responderam por cerca de metade da dieta do lobo cinzento. Cerca de 15% correspondia a cabras-montesas e carneiros-de-Dall, com alguns mamutes misturados.

Naquela época, os lobos antigos teriam coexistido com outros grandes predadores, cuja eventual extinção poderia ter criado mais oportunidades para os lobos fazerem a transição para novas espécies de presas.

“Esta é realmente uma história de sobrevivência e adaptação à Idade do Gelo, e a construção de uma espécie em direção à forma moderna em termos de adaptação ecológica”, disse Grant Zazula, paleontólogo do Programa de Paleontologia do Governo de Yukon.

Liliana Malainho, ZAP //

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