Lisboa tem um novo problema

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António Pedro Santos / Lusa

Uma trabalhadora da Junta de Freguesia de Alvalade (Lisboa) procede à deservagem de uma rua no bairro

Depois do lixo acumulado nas ruas, as ervas daninhas são um novo problema para os lisboetas. “Jardins indesejados” estão crescer de forma descontrolada nos passeios da capital.

Entre as pedras da calçada portuguesa, as ervas daninhas crescem nos passeios menos movimentados de Lisboa, sobretudo pelas condições climatéricas.

A deservagem é competência das juntas de freguesias, que dizem não ter mãos a medir, registando queixas de fregueses.

“É muito aborrecido ter visitas ou qualquer pessoa passar aqui e parece que tínhamos um jardim à nossa porta em cima da calçada”, queixa-se Madalena Guedes, de 83 anos, moradora na freguesia de São Vicente, à Lusa.

Madalena vive na Rua Josefa de Óbidos, no bairro da Graça, mesmo junto à sede da Junta de Freguesia de São Vicente, onde a maior parte da área dos passeios estava preenchida com ervas altas, lixo acumulado junto aos caixotes e até monos, como uma máquina de lavar roupa avariada.

“Até é uma vergonha, para nós portugueses, virem para uma rua tão porca e trazerem turistas para apresentar isto”, lamenta, apontando para uma dezena de visitantes que estava a admirar a parede de arte urbana, com ‘graffitis’ coloridos.

O estado da rua resulta também das obras num condomínio em construção nas traseiras, que duraram “cerca de três anos” e trouxeram “muito lixo”.

“Era uma poeirada, uma chiqueirada”, critica a freguesa, acrescentando que a empreitada terminou em abril e esperava-se uma limpeza geral, mas a intervenção tardou a chegar.

“Só agora [dia 19 de agosto], ao fim deste tempo todo, é que vieram cortar [as ervas daninhas]. Tínhamos aqui arvoredo que parecia quase um jardim e a rua continua na mesma, toda cheia de manchas de petróleo, cheia de terra”, indica, referindo que já reclamou junto da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia de São Vicente.

Moradores voluntariam-se a limpar

Surpreendida com a equipa de três trabalhadores da Junta de Freguesia de São Vicente a fazerem a deservagem na rua, Madalena Guedes saiu de casa com a vassoura para ajudar a limpar as ervas cortadas pela motorroçadora.

A presidente da Junta de Freguesia de São Vicente, Natalina Moura (PS), em funções desde 2013 e a cumprir o terceiro e último mandato até 2025, assume que a deservagem se tem tornado “um grave problema para a gestão urbana”, em que um dos constrangimentos é a falta de um produto que retarde o crescimento das ervas infestante, em complemento ao trabalho de corte mecânico.

“Estamos a cortar […], duas semanas depois elas começam a nascer”, conta.

As condições climatéricas registadas este ano também propiciaram o crescimento das ervas e a execução da deservagem tornou-se difícil ao nível de recursos humanos com o período de festas populares e férias dos trabalhadores, em que “fica tudo bloqueado em termos desse trabalho”, argumenta.

“É preciso vir cá a Lusa para arranjar os passeios”, reclamou um freguês que passava na rua enquanto a autarca respondia a questões. Houve também quem sugerisse, de alta voz, pôr uma cabra a pastar as ervas daninhas, considerando o volume de infestantes existente.

Questionada sobre a existência de queixas, Natalina Moura reconhece que “há sempre algumas”.

A deservagem em São Vicente teve como prioridade as zonas de risco de incêndio, nomeadamente a Avenida Mouzinho de Albuquerque e a encosta do Vale de Santo António, adianta a autarca, reconhecendo que a atual situação do espaço público da freguesia, com o crescimento das ervas infestantes, “já é uma questão de saúde pública”, com a existência de pragas, inclusive ratazanas e baratas.

Para colmatar os constrangimentos, a Junta de Freguesia de São Vicente contratou uma empresa para realizar deservagem, que começou a trabalhar em meados de agosto.

Sendo um problema transversal, à semelhança do lixo, as ervas infestantes afetam também a freguesia de Alvalade, onde a junta – sob presidência do social-democrata José Amaral Lopes – tem procurado assegurar a deservagem nos 179 arruamentos do território, com 45 operacionais no terreno.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Esta mania de utilizar o termo “limpar” no que diz respeito a qualquer vegetação cómoda ou incómoda , como se uma erva, silva ou mato fosse algo de sujo ; é visivelmente inapropriado . Capinar e Desmatar seriam termos mais apropriados no que diz respeito a eliminação de vegetação , não acham ???….É só a minha modesta opinião !

  2. Eu tenho resposta para isso da ervas daninhas
    Muitas da pessoa não sabem deservar onde na qual só cortam o maior. Isto tudo porque os Chefes dessas equipa não querem a calçada rapada. E querem só por alto. Eu já fui prejudicado por rapar a calçada.
    Acontece com a junta de freguesia de Benfica.

  3. Tudo isto e muito mais que se está a passar em Lisboa e em muitos municípios, chama-se lóbis ou seja perseguição á função pública e seu funcionários para entregar estes trabalhos às empresas dos amigos que agora detém o monopólio e fazem os preços que querem conclusão as câmaras, juntas actualmente fica 3× mais caro e não há orçamento que aguente é uma vergonha país corrupto

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