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Levar os filhos a “Festas da Varicela” de novo na moda nos EUA

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Irish Typepad / Flickr

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Comuns até meados dos anos 1990, antes da introdução da vacina, as chamadas “Festas da Varicela” continuam a ganhar adeptos nos EUA.

Com a ajuda da internet, pais de todos os cantos do país trocam informações sobre como colocar os filhos em contato com outras crianças infectadas pelo vírus causador da varicela (Varicela-Zóster).

O objectivo é que os filhos contraiam a doença, que acreditam que se manifesta de forma bem mais branda em crianças do que nos adultos, e fiquem assim imunizados para o resto da vida.

Para muitos pais, expor os filhos à doença “naturalmente” é menos arriscado do que optar pela vacina.

“Somos um grupo nacional de pais unidos no apoio ao vírus da catapora na infância em vez da vacina”, diz a apresentação da página Pox Party USA, no Facebook.

Na página, uma das várias dedicadas ao tema na rede social, os membros trocam dicas sobre as “Festas da Varicela” mais próximas do local onde moram e debatem prós e contras da vacina e de contrair a doença.

“Este é um grupo para indivíduos/famílias que, por diversos motivos pessoais, preferem a exposição natural à varicela do que a vacina contra a varicela”, afirma outro grupo, Chicken Pox Parties – Southeast US.

Chupa-chupas lambidos

Além do receio de que a vacina possa provocar efeitos colaterais graves – o que, segundo especialistas, não tem razão científica –, alguns pais questionam a sua eficácia.

O Center for Disease Control and Prevention (Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças, ou CDC, na sigla em inglês), agência ligada ao Departamento de Saúde dos EUA, afirma que a eficácia da vacina é de 98%.

The Facey Family / Flickr

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Mas o facto de serem recomendadas duas doses – a primeira dos 12 aos 15 meses e a segunda dos quatro aos seis anos de idade – provoca desconfiança em certos pais, que acham mais seguro garantir a imunidade contraindo a doença.

Há inclusive os que recorrem a outros métodos, como enviar ou receber pelo correio chupa-chupa lambidos ou roupas usadas por crianças infectadas.

A prática ganhou notoriedade há cerca de dois anos, quando as autoridades tiveram de alertar que quem enviasse materiais deste tipo por correio estaria a infringir a lei e a sujeitar-se a pena de prisão.

Riscos

“Alguns pais acham que a vacina contra a varicela não é necessária”, disse à BBC  a epidemiologista Allison Fisher, do CDC, “porque se lembram de que tiveram a doença quando crianças e, apesar do desconforto, ficaram bem”.

“Acham que contrair a doença naturalmente é melhor do que a vacina”, afirma Fisher. “É nossa função alertá-los sobre os riscos de não vacinar.”

Seja na forma de “Festas da Varicela” ou da partilha de chupa-chupas, os especialistas afirmam que expor propositadamente as crianças ao vírus é arriscado.

Segundo o CDC, apesar de as complicações não serem frequentes no caso da varicela, elas podem ocorrer, e incluem pneumonia, encefalite, infecções graves e até a morte.

De acordo com o CDC, até ao início dos anos 90 a doença atingia uma média de 4 milhões de pessoas por ano nos EUA. Destas, entre 10,5 mil e 13 mil tinham de ser hospitalizadas e entre cem e 150 morriam por ano.

A vacina foi introduzida em 1995 e actualmente cobre cerca de 90% das crianças até 35 meses de idade nos EUA.

De 2000 a 2010, os casos da doença no país registaram uma redução de 82%. As mortes de crianças e adolescentes de até 20 anos de idade em consequência da doença caíram 98,5%, afirma o CDC.

ZAP / BBC

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