Os levantamentos hidrográficos na bacia do porto de Bissau no rio Geba revelaram “dados incríveis”, nomeadamente poucas alterações desde 1960 e cinco navios naufragados, revelou hoje a Marinha portuguesa.
“Descobrimos algumas coisas incríveis, nomeadamente que os levantamentos anteriores que rondavam a 1960, ainda se mantinham bastante atuais em algumas zonas. Algo que nunca pensamos. Outra coisa foi alguns navios afundados e que estão completamente retratados nos nossos levantamentos”, afirmou o primeiro-tenente.
O navio D. Carlos I da Marinha portuguesa chegou a Bissau a 12 de outubro para fazer um levantamento hidrográfico da bacia de Bissau no rio Geba para fazer uma nova carta de navegação, que permita aos navios decidirem um percurso mais seguro para chegar ao porto da capital guineense. O último levantamento hidrográfico tinha sido feito em 1967.
A necessidade de se fazer uma nova carta de navegação para Bissau prende-se também com o facto de o sistema de coordenadas mundiais ter mudado.
“Antigamente cada país tinha o seu próprio sistema de coordenadas. Neste momento, é utilizado um sistema de coordenadas que é global e as cartas que estão a ser utilizadas são antigas e têm o sistema de Bissau o que obriga os navios a calcular sempre um desvio de cerca de 200 metros”, disse.
A Marinha portuguesa está também a estudar as alterações das marés e descobriu uma diferença de 50 centímetros entre a maré prevista e a real e 50 minutos de desfasamento.
“Pensamos que temos uma praia-mar às 11:00 e ela só vem às 11:50, o que pode ser crítico para a segurança dos navios”, afirmou, sublinhando que o último estudo das marés foi feito nos anos 50 do século XX. A nova informação vai ficar disponível para a navegação apenas em 2019.
“São trabalhos muito sensíveis e demorados e não pode haver erros, porque temos a segurança dos navios nas nossas mãos”, explicou o primeiro-tenente António Tavares.
O levantamento hidrográfico decorreu no âmbito da missão “Mar Aberto” e que trouxe à capital guineense o navio D. Carlos I, especialmente construído e equipado para a execução de trabalhos hidrográficos ou oceanográficos.
O navio vai permanecer na Guiné-Bissau até sexta-feira.
A bordo do navio seguem 50 militares, incluindo uma guarnição de 37 militares, uma equipa da Brigada Hidrográfica, uma equipa de fuzileiros do pelotão de abordagem, uma equipa de mergulhadores e um médico naval.
A missão enquadra-se no âmbito da cooperação técnico-militar e de ações de apoio à diplomacia, em particular com os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O navio vai realizar também missões em Cabo Verde, Senegal, Mauritânia e Marrocos, tendo chegada prevista a Portugal a 22 de dezembro.
ZAP // Lusa