Um dia será possível ter óculos de uso diário com visão noturna, graças a um material ultrafino capaz de capturar luz infravermelha e visível ao mesmo tempo.
Uma equipa de cientistas da Austrália descobriu que, ao usar “tecnologia de conversão ascendente baseada em metassuperfície”, é possível criar um efeito de visão noturna sem a necessidade de componentes volumosos de processamento de luz e arrefecimento criogénico.
“Reduzir os requisitos de tamanho, peso e potência da tecnologia de visão noturna é um exemplo de como a metaótica e o trabalho que o Centro de Excelência para Sistemas Metaóticos Transformativos (TMOS) está a fazer são cruciais para a Indústria 4.0 e a futura miniaturização extrema da tecnologia”, destacou Dragomir Neshev, do TMOS do Conselho Australiano de Investigação, citado pelo Live Science.
Os óculos de visão noturna tradicionais funcionam através de luz visível ou fotões infravermelhos que passam através de uma lente para um tubo intensificador de imagem eletrónico que consiste num fotocátodo e uma placa de microcanal.
O fotocátodo transforma os fotões em eletrões e estes atingem a placa do microcanal, que possui milhões de buracos que amplificam o seu número. Os eletrões interagem com uma tela revestida de fósforo e apresentam um brilho verde, iluminando o que o utilizador está a ver.
Esta configuração apresenta alguns desafios devido ao seu grande tamanho, ao ruído térmico e à incapacidade de aumentar as imagens infravermelhas e visíveis.
Ao usar uma “metasuperfície ressonante de niobato de lítio com fator de alta qualidade e ultracompacta” – um dispositivo fotónico muito fino que modula o comportamento das ondas eletromagnéticas –, os cientistas aumentaram a energia dos fotões infravermelhos, aumentando a sua frequência de modo a trazer os seus comprimentos de onda dentro do espetro visual.
Como os fotões infravermelhos passam apenas por uma única metassuperfície ressonante e são misturados com um feixe de bombeamento — uma fonte de luz usada para amplificar níveis de energia —, a visão noturna torna-se possível sem a necessidade de converter fotões em eletrões.
O artigo científico foi publicado, em maio, na Advanced Materials.