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Porque um dia de praia nos deixa tão cansados: se não deixasse, seríamos lagartos

Desfrutar do mar, do sol e do ar livre nem sempre resulta numa sensação de bem-estar. Pelo contrário, muitas pessoas experimentam uma fadiga intensa após passar o dia na praia.

Este fenómeno tem uma explicação científica. Segundo o especialista em medicina interna Craig Crandall, este cansaço pode ser atribuído a diversos fatores fisiológicos relacionados com o calor, a hidratação e a atividade física.

Segundo explica Crandall numa entrevista à Popular Science, o corpo humano precisa de manter a sua temperatura interna estável para funcionar corretamente.

Ao expor-se durante horas ao calor, especialmente em pleno verão, o organismo ativa mecanismos de autorregulação.

Um deles é o aumento do fluxo sanguíneo para a superfície da pele, o que obriga o coração a bombear com mais força. Este esforço adicional pode fazer com que uma frequência cardíaca em repouso de 60 batimentos por minuto aumente até 110 batimentos em condições de mais calor.

Esta atividade interna constante, embora impercetível, implica um maior consumo de oxigénio e um desgaste energético acumulado. Por isso, embora pareça que mal nos movemos, o organismo trabalha intensamente para se manter fresco.

Se não regulássemos a nossa temperatura, seríamos lagartos“, diz Crandall.

A esta situação soma-se a perda contínua de água através do suor. A desidratação ligeira pode desencadear sintomas como fadiga, irritabilidade e dificuldade de concentração.

O problema agrava-se se não se ingerir água suficiente ou se se optar por consumir bebidas alcoólicas, que atuam como diuréticos e favorecem uma maior eliminação de líquidos.

Contrariamente ao que se pensa, um dia bem passado na praia também implica normalmente maior atividade física do que o habitual. Caminhar sobre areia, nadar ou brincar com as crianças representa um esforço significativo.

Crandall explica que este nível de exercício, mesmo que seja moderado, contribui para o cansaço físico acumulado.

A exposição solar direta, mesmo sem queimaduras, também provoca efeitos no sistema nervoso. Estudos recentes indicam que o sol pode induzir fadiga mental e afetar a capacidade cognitiva. Acredita-se que a radiação solar ativa reações químicas na pele que poderiam influenciar o estado de espírito e a energia.

Um estudo publicado em 2022 na Current Biology revelou que o calor extremo pode ativar circuitos cerebrais relacionados com o sono. Embora não tenha sido demonstrado em humanos, este resultado apoia a hipótese de que sentir-se sonolento após um dia de praia poderia ser uma resposta biológica ancestral.

Para mitigar o esgotamento, Crandall recomenda que nos mantenhamos bem hidratados, evitar a exposição prolongada ao sol e fazer pausas frequentes à sombra.

No entanto, admite que há ocasiões em que é preferível não resistir ao cansaço. “O melhor que se pode fazer é dormir uma boa sesta“, sugere o especialista.

ZAP //

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