Esta nova tecnologia está disponível para o público e não é cara, mas o cientista que a criou deixa um alerta: “é um pouco perigosa”.
Toda a gente quer ser capaz de simplesmente apontar para um inseto e fazer com que ele desapareça. Agora, graças a um desenvolvimento recente de Ildar Rakhmatulin, investigador da Universidade de Heriot-Watt especializado na engenharia de máquinas, este sonho tornou-se realidade.
No estudo realizado publicado a 21 de setembro na Oriental Insects, Rakhmatulin e os co-autores utilizaram um dispositivo laser de controlo de insetos com visão mecânica, para realizar uma série de experiências com baratas.
Conseguiram não só detetar baratas com elevada precisão, como também neutralizar e deter insetos individuais a uma distância de até 1,2 metros.
Este é um seguimento de projetos anteriores, nos quais foi utilizado um Raspberry Pi e lasers para matar mosquitos. No entanto, Rakhmatulin utilizou agora um tipo diferente de computador que permitiu uma maior precisão na deteção do inseto.
“Comecei a utilizar um Jetson Nano que me permitiu utilizar tecnologias com maior precisão para detetar um objeto”, sublinhou Rakhmatulin. O Jetson Nano é um pequeno computador que pode executar algoritmos de aprendizagem de máquinas.
O computador processa um sinal digital de duas câmaras para determinar a posição da barata. Transmite essa informação a um galvanómetro — uma máquina que mede a corrente elétrica — e muda a direção do laser para acertar no alvo.
Rakhmatulin tentou esta configuração com diferentes níveis de potência no laser. Com uma potência inferior, descobriu que poderia influenciar o comportamento das baratas simplesmente desencadeando a sua resposta de voo com um laser.
Assim, as baratas poderiam ser treinadas para não se abrigarem numa área escura em particular. Já com uma potência mais elevada, as baratas foram “neutralizadas”.
Rakhmatulin também disponibilizou publicamente todos os dados e instruções, notando que outros podem tentar desde que tomem as devidas precauções.
“Eu uso hardware muito barato e tecnologia barata de fonte aberta”, salientou Rakhmatulin. “Todas as fontes são carregadas no meu GitHub e podem ver como fazer e utilizar”, acrescentou ainda, citado pela Vice.
O investigador já mencionou que algumas pessoas já começaram a experimentar o novo laser com outras pragas como as vespas. “Se pode danificar baratas, também pode danificar outras pragas na agricultura“.
O projeto pode no futuro ser uma alternativa às armadilhas mecânicas, bem como aos produtos químicos que muitas vezes danificam o ambiente e atingem espécies de insetos não prejudiciais. Para além disso, é mais barato e mais compacto do que outras tecnologias atuais de controlo de pragas.
Embora o protótipo seja adequado à investigação académica, há muito mais a fazer antes de poder ser implantado numa escala maior. Por exemplo, o estudo observa que um laser mais pequeno seria mais eficaz para matar as baratas, mas é difícil de implementar nas experiências.
A capacidade de controlar com precisão quais as partes do corpo da barata são atingidas também seria uma característica útil, refere ainda o estudo.
Infelizmente, também não está totalmente pronto para uso doméstico, pelo menos ainda não. “Não é recomendado porque é um pouco perigoso“, alertou Rakhmatulin. “Os lasers podem danificar não só as baratas, mas também os olhos”.