O primeiro-ministro britânico terá atacado fortemente Emmanuel Macron em privado após as suas críticas à política de acolhimento de refugiados do Reino Unido, tendo até ameaçado dar-lhe “socos até desmaiar”
Se em público Boris Johnson apelidou Emmanuel Macron de “trés bon buddy” do Reino Unido, parece que os seus pensamentos em privado sobre o Presidente francês eram bem menos simpáticos.
De acordo com Guto Harri, ex-director de comunicações de Downing Street, Boris chamou Macron “lambe-botas de Putin” e “cabrão” após um desentendimento sobre a resposta à crise de refugiados criada pela guerra na Ucrânia.
No segundo episódio do seu podcast Unprecedented, Harri revela que o antigo primeiro-ministro “passou-me mesmo” quando viu Macron nas notícias a acusar o Reino Unido de não cumprir as suas “grandes promessas” sobre o acolhimento de ucranianos e a dizer que esperava que as famílias fossem “melhor tratadas”.
“Quando a imprensa britânica estava a ser dura com o Governo britânico sobre a nossa resposta à crise de refugiados, Macron criticou Boris directamente e as suas palavras estavam na capa do The Guardian”, relata Harri, citado pelo Telegraph.
O ex-assessor afirma “Boris não é propenso a zangar-se ou usar linguagem particularmente forte, mas desta vez passou-se mesmo”. “Estava basicamente a dizer ‘ele é uma palavra de quatro letras que começa com ‘c'”, explica, referindo-se ao termo “cunt”, um palavrão que significa uma pessoa desagradável ou um “cabrão”.
“Ele é esquisito, ele é o lambe-botas do Putin, temos de atacar com os pitões para cima com este, precisamos de uma orgia de ataque aos sapos,” — sapo é um termo calão em Inglaterra que se refere aos franceses — “vou ter de lhe dar socos até desmaiar… coisas bastante fortes”, afirma Harri.
A visita de Macron a Moscovo poucas semanas antes do início da guerra também terá irritado Boris. “Houve tensões no início quando pessoas como Emmanuel Macron foram a Moscovo falar com Putin. Acho que Boris o descreveu em privado como nauseante”, revela.
Johnson teve uma relação complicada com Macron durante o seu mandato como primeiro-ministro. Os países tiveram vários conflitos sobre a crise migratória no Canal da Mancha e também sobre o comércio e a pesca pós-Brexit.
O chefe de Estado francês também terá manifestado a sua antipatia com Boris em privado, tendo alegadamente dito que era “triste ver um grande país liderado por um palhaço”. “Boris fala comigo a toda velocidade, temos discussões como gente grande, mas depois ele atrapalha-nos de uma forma deselegante. É sempre o mesmo circo”, terá também dito Macron.