Cientistas da Universidade Humboldt de Berlim, na Alemanha, reconstruíram os movimentos de um réptil com 280 milhões de anos, usando simulações de computador e um robô. Desta forma, o lagarto gigante ganhou vida.
Este réptil com 280 milhões de anos pertence à espécie Orobates pabsti que se passeou pelo território hoje ocupado pela Alemanha, e que está posicionado entre os anfíbios e os répteis na árvore genealógica evolucionária.
Este pormenor foi significativo na hora de escolher o Orobates como sujeito de estudo, uma vez que o grande objectivo da investigação é perceber como é que os animais saíram dos oceanos para se afirmarem em terra, e especialmente entender como é que os primeiros quadrúpedes vertebrados caminhavam.
“O Orobates é um candidato ideal para compreender como é que os vertebrados terrestres evoluíram porque [representa] a linhagem que levou aos amniotes modernos, ou seja, os animais que se tornaram em grande parte independentes da água, já que se desenvolveram dentro de ovos postos em terra”, explica o investigador que liderou o estudo, John Nyakatura, citado pelo Gizmodo.com.
Além disso, os Orobates são parentes próximos do “último ancestral comum de mamíferos, répteis (incluindo todos os dinossauros e pterossauros extintos) e aves”, como notam os autores do estudo.
E, por outro lado, estes répteis deixaram fósseis bastante completos e bem preservados, com esqueletos praticamente inteiros e pegadas.
Com um metro e meio de comprimento, com o corpo e a cauda longos, patas curtas e um crânio pequeno, o Orobates conseguia caminhar mais erguido do que se imaginava, e seria capaz de se afastar da água muito mais do que se podia pensar nos primeiros vertebrados daquele período, e teria uma marcha mais avançada do que se poderia supor, frisam os autores da investigação publicada na revista Nature.
Estas conclusões foram retiradas depois da construção de um modelo tridimensional do lagarto, com a recriação das suas articulações para reproduzir a forma de locomoção.
Os cientista começaram por criar um modelo digital do esqueleto do Orobates. Depois analisaram quatro espécies de anfíbios e de répteis existentes actualmente – designadamente jacarés, salamandras e iguanas – para perceberem melhor como é que se deslocam.
“Com a ajuda de vídeos em Raios-X de alta velocidade e medições de força de diferentes lagartos e salamandras, pudemos investigar antes de mais os princípios da sua mecânica de expansão”, aponta Nyakatura.
Estes dados foram introduzidos numa simulação de computador que chegou ao provável estilo de caminhada do Orobates. Os investigadores até criaram um site onde se podem explorar os diversos estilos de andar deste réptil.
As conclusões dos investigadores indicam que o Orobates caminharia, sobretudo, da mesma forma que os jacarés actualmente, com um andar atlético e mais erecto do que as salamandras, por exemplo.
“As nossas métricas indicam que o Orobates exibia uma locomoção mais avançada do que previamente se supunha para os tetrápodes anteriores, o que sugere que a locomoção terrestre avançada precedeu a diversificação dos amniotes [modernos]”, escrevem os investigadores.