Quem tem menos de 25 anos não ouve rádio

A tecnologia evolui, os hábitos também e os jovens (como sempre) ganharam novas rotinas. E o podcast é o novo formato “sexy”.

Andrea Corr contava – e cantava – há uns anos que, ao procurar algo para ocupar a sua mente, começou a ouvir rádio. E lembrava-se de todas as canções que o casal ouvia e de todos os sítios onde os dois tinham ido juntos.

O que a vocalista dos The Corrs não adivinhava é que quem estava a nascer naquela altura (1999) já não iria ouvir rádio por iniciativa própria, quando chegasse à fase de criança mais crescida, ou adolescente, ou mesmo adulto.

Quem pertence à Geração Z – quem nasceu entre o final da década 1990 e 2010 – não ouve rádio, analisa Jo Adetunji, editora no The Conversation.

O fascínio pela rádio FM, que se prolongou por boa parte do século passado, já desapareceu em muita gente. Sobretudo entre as pessoas mais novas, que podem nem reconhecer aquele som de procura de frequência, muito frequente noutros tempos.

E a maioria desses jovens já nem deve saber o que é AM.

A tecnologia evoluiu, os hábitos também e os jovens (como sempre) ganharam novas rotinas. Sempre com o telemóvel no bolso, é nesse dispositivo que se ouve algo – seja música, sejam entrevistas, reportagens ou outros programas áudio.

No fundo, o que é que a rádio nos oferece? Precisamente: música, entrevistas, reportagens ou outros programas de informação ou entretenimento.

“A rádio que eu ouço não é rádio”

Esta frase será dita por muitos jovens com menos de 25 anos. Sim, o podcast é o novo formato “sexy”, como se diz no meio radiofónico. Fala-nos ao ouvido, dá sensação de proximidade, cumplicidade.

E sobretudo é mais fácil e cómodo escolher o que se ouvir, quando se ouvir e quanto tempo se quer ouvir.

Escolher. Não ficar à espera do que a rádio escolhe por nós.

Além disso, pegar no telemóvel e colocar o programa ou as músicas que queremos permite realizar outras tarefas ao mesmo tempo – algo que a rádio FM também oferece mas, novamente, nós escolhemos o que estamos a ouvir.

Parece irreal para quem cresceu no século passado mas, hoje, muitos jovens nem admitem a possibilidade de ouvirem rádio durante horas seguidas, com conteúdos que não querem ouvir, com publicidade que não querem ouvir, com músicas que não querem ouvir.

Desligam três minutos depois de terem ligado, pegam no telemóvel e ouvem o que quiserem. E quanto tempo quiserem.

Outra perspectiva: um jovem que compra um telemóvel ou mesmo um automóvel mais recente já nem encontra a possibilidade de ouvir rádio FM. Sobretudo no caso dos telemóveis.

Há a ideia de que muitas rádios vão deixar de ter frequência analógica, apostando apenas na internet (mas há quantos anos é que se diz isso…?).

Mas sim, no geral os jovens afastaram-se da “velha rádio”, ouvindo os programas e a música de outra forma. A audiência envelheceu e as próprias rádios têm apostado em formas diferentes, modernas, de chegar aos mais novos. Têm passado por um processo de transformação – não de desaparecimento. Para já.

O estudo mais recente All-Audio mostrou que 75% das pessoas entre 35 e 54 anos tinham ouvido rádio na semana anterior. Entre os jovens entre 18 e 34 anos, 55% ouviram rádio e 84% ouviram algum serviço streaming.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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