O caso é isolado, mas os cientistas acreditam que o vírus está a circular nas selvas na região central do Peru.
No Peru, um jovem de 20 anos foi infetado por um vírus desconhecido do género Phlebovirus, segundo relato de investigadores peruanos e norte-americanos. O patógeneo é, muito provavelmente, uma nova variante ou primo do vírus Echarate (ECHV). Só que, aparentemente, este foi um caso isolado, já que outras infeções semelhantes não foram oficialmente confirmadas na região.
A infeção pelo novo vírus é marcada por febre alta (39 °C), o que pode confundi-la com outras doenças comuns na região, como a dengue, a malária ou a febre amarela. Igual a essas, é provável que o patógeno seja transmitido por vetores, como mosquitos.
Entenda o novo vírus
Segundo o estudo publicado na revista Emerging Infectious Diseases, os cientistas procuraram, em primeiro lugar, descartar o diagnóstico de doenças tropicais na região, como a própria dengue. Por isso, realizaram inúmeros testes de laboratório, incluindo análises genómicas e moleculares.
Deste modo, foi possível descobrir que o patógeneo era um novo flebovírus, bastante próximo do vírus Echarate, mas que teria sofrido mutações e passado por um processo de recombinação genética. “É provavelmente um rearranjo natural do vírus ECHV com um flebovírus ainda não identificado”, afirmam os autores.
Nesse contexto, a equipa alerta que “uma nova variante do ECHV está a circular nas selvas da parte central do Peru”. Aqui, vale lembrar que o país também é coberto por parte da Amazónia, o que implica na possibilidade do agente infecioso ter um amplo campo de disseminação.
Infeção misteriosa no Peru
Voltando para o primeiro paciente a ser infetado pelo vírus, os autores explicam que o jovem trabalhava na área da construção civil e relatava os seguintes sintomas quando buscou ajuda médica na província de Chanchamayo:
- Calafrios e febre;
- Mal-estar;
- Dores musculares;
- Dor nas articulações;
- Dor de cabeça;
- Dor ocular;
- Sonolência;
- Fotofobia;
- Falta de apetite (por pelo menos dois dias)
O estudo não descreve qual foi o desfecho do caso clínico do paciente — por exemplo, se ele teve alta e recuperou bem. Outro ponto que chama a atenção é que o atendimento médico e toda a situação se desenrolou em junho de 2019, mas o artigo só foi publicado em setembro deste ano.
Mais estudos
Para os cientistas, é preciso entender o quão disseminado está este novo agente infecioso nas florestas do Peru e na região amazónica. “Estudos ecológicos são necessários para determinar o quão difundida está a nova variante nesta região, para identificar potenciais vetores e reservatórios envolvidos na sua transmissão e para apoiar a tomada de decisões para manter os militares medicamente preparados e protegidos contra ameaças à saúde e à segurança, tanto dentro quanto fora de serviço”, completam.
// CanalTech