/

O jovem que sorriu em manifestação processa o Washington Post

Nicholas Sandmann, o jovem norte-americano de 16 anos que sorriu durante um protesto de ativistas, está a processar o jornal The Washington Post por difamação. A família de Nicholas exige ao jornal 220 milhões de euros.

O incidente remonta a 18 de janeiro, quando o The Washington Post (entre outros) publicou o excerto de um vídeo que mostrava Sandmann e um grupo de jovens do Colégio Católico de Covington a fazer troça e a bloquear o caminho de um grupo de protestantes nativo-americanos, em frente ao Lincoln Memorial, na capital americana.

Entre o grupo de nativo-americanos estava o ativista nativo-americano Nathan Phillips, o outro interveniente principal desta história. O vídeo divulgado mostra Sandmann a sorrir, cara-a-cara com Phillips, enquanto o ativista batia um tambor.

Nicholas, que tal como a maior parte dos seus colegas usa um chapéu com a inscrição MAGA, sigla do slogan Make America Great Again de Donald Trump, mantém-se imperturbável, imóvel e a sorrir durante todo o incidente — numa pose de fazer inveja a Mahatma Gandhi, se o pacifista indiano fosse capaz de tais sentimentos.

Nos dias seguintes ao episódio, o assunto tornou-se num verdadeiro debate nacional, no qual se discutia quem realmente estava mal: se Sandmann, se Phillips. Algumas versões mais completas do vídeo, parecem contar uma história diferente, na qual parece ser o ativista que se aproxima do jovem e não o contrário.

A verdade é que a opinião pública rapidamente se polarizou à volta do excerto do vídeo, levando a que o adolescente recebesse várias ameaças de morte.

A família de Nicholas decidiu, então, tomar medidas legais em nome do seu filho, pedindo ao jornal americano 220 milhões de euros – o mesmo valor que o fundador da Amazon, Jeff Bezos, pagou pelo jornal em 2013.

Desses 220 milhões, a família procura “apenas” uma compensação de 44 milhões de euros. Os restantes 176 milhões são em danos punitivos. Os Sandmann pedem ajuda ao tribunal federal do Kentucky para “ensinar uma lição ao Washington Post, que eles nunca vão esquecer”. Apesar de o caso se ter desenrolado em Washington DC, o processo foi apresentado em Kentucky – estado natal do jovem.

Em declarações ao NPR, a porta-voz do jornal, Kristine Coratti, adiantou que a sua equipa jurídica está “a rever uma cópia do processo e a planear uma defesa sólida”.

Inicialmente, o Colégio de Covington condenou as ações dos seus alunos e pediu desculpa pelas mesmas, uma vez que estes comportamentos são contrários “aos ensinamentos da Igreja em sobre a dignidade e respeito pelo ser humano”.

Contudo, o colégio voltou atrás na sua posição, após concluir que nenhum dos seus alunos se impôs a Phillips ou fez “comentários ofensivos ou racistas”.

A ação judicial acusa o Washington Post de publicar sete notícias que têm por base uma “essência falsa e difamatória” — e considera que a “perseguição” a Sandmann só aconteceu “porque ele era o estudante branco e católico” com o chapéu do MAGA.

Pode um sorriso ser uma agressão? Uma pergunta para a opinião pública discutir e a justiça norte-americana responder.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.