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Ver o “Joker” não nos torna mais empáticos com os doentes mentais – pelo contrário

IMBD

Um novo estudo encontro uma associação entre ver o filme “Joker” e um aumento no preconceito em relação a pessoas com doenças mentais.

O filme “Joker” (2019), realizado por Todd Phillips, foi um verdadeiro sucesso de bilheteiras. Com Joaquin Phoenix a desempenhar o papel de Arthur Fleck, que lhe valeu o Óscar de Melhor Ator, o filme retrata a história melancólica do famoso vilão de Gotham, que sonhava ser comediante, mas que as peripécias da vida levaram-no para um caminho mais sombrio.

Embora muitos acreditem que o filme nos torna mais empáticos com pessoas com doenças mentais, a realidade é bem diferente, sugere uma equipa de investigadores. Um novo estudo publicado, em abril, na revista científica JAMA Network Open, conclui que assistir ao filme “Joker” está associado a um aumento do preconceito em relação a pacientes de doenças mentais.

“Há alguns anos, eu estava a analisar alguns dados de pesquisas sociais recolhidos na Nova Zelândia e […] uma das perguntas que era feita era: ‘como se sentiria se tivesse um novo vizinho que…’ seguido de coisas como ‘era de uma etnia diferente de você’, ‘era de uma religião diferente de você’ etc”, começou por dizer o autor principal do estudo, Damian Scarf.

“A pergunta também foi feita em relação a ter um vizinho com uma doença mental. Embora a maioria das pessoas se sinta confortável a viver ao lado de alguém de uma etnia ou religião diferente, apenas cerca de 50% das pessoas sentir-se-ia confortável a viver ao lado de alguém com uma doença mental”, salientou o investigador, citado pelo PsyPost.

Como tal, Scarf decidiu aferir qual era o impacto que os retratos mediáticos tinham na perceção dos doentes mentais. E não havia melhor exemplo que o badalado filme de Todd Phillips.

A equipa de investigadores dividiu 164 voluntários em dois grupos: um assistiu ao “Joker”, enquanto o outro assistiu ao “O Exterminador Implacável: Destino Sombrio”. Antes e após o filme, foi-lhes pedido que respondessem a um questionário para perceber qual era o nível de preconceito em relação a pessoas com doenças mentais.

Foi então que Scarf e os seus colegas descobriram que ver o filme “Joker” estava associado a um aumento do preconceito em relação aos doentes mentais.

“Uma pergunta em que me tenho feito é se podemos reduzir o impacto de filmes como o ‘Joker’. Não sou a favor de proibir esse tipo de filmes, por isso métodos para mitigar o impacto podem ser realmente importantes”, disse Scarf ao PsyPost.

Uma das maneiras sugeridas para o fazer é, depois do filme, apresentarem alguns factos. Por exemplo, explicando que nem todas as pessoas com doenças mentais são violentas como é o caso de Arthur Fleck no filme. Outra opção seria Hollywood retratar as pessoas com doenças mentais de uma forma diferente.

ZAP //

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