Depois da pontuação controversa no surf, uma decisão que quase ninguém entendeu, no basquetebol, e uma revisão discutível no judo.
A arbitragem não é, ou não é suposto ser, o foco de qualquer edição dos Jogos Olímpicos. E não tem sido, em Tóquio 2020. Mas, em dois dias seguidos, surgiram três decisões (no mínimo) discutíveis – e duas delas tiveram influência direta na atribuição de medalhas.
Na manhã de terça-feira, o surf. Na meia-final da prova masculina, entre Gabriel Medina e Kanoa Igarashi, o vencedor foi o japonês, que levou a melhor por uma diferença muito curta: 17 pontos para Igarashi, 16.76 para Medina.
Os protestos multiplicaram-se no Brasil porque, num contexto de ondas e movimentos quase iguais, o brasileiro Medina mereceu 8.44 pontos dos juízes e o surfista da casa ficou com 9.33 pontos – decisão fulcral para o apuramento do vencedor.
Gabriel Medina, que era um dos favoritos à conquista da medalha de ouro, ficou assim fora da final. E também não conseguiu a medalha de bronze porque, nessa disputa, viria a ser derrotado pelo australiano Owen Wright, de novo com uma margem escassa: 11.97 contra 11.77 pontos.
Brasil queixa-se novamente
Maria Portela foi o rosto da segunda revolta brasileira, em menos de 24 horas. Desta vez no judo.
Nos oitavos-de-final da categoria -70kg, e num combate que durou uns invulgares 15 minutos, Portela perdeu contra Madina Taimazova, por ter recebido três castigos.
Mas, logo ao terceiro minuto do duelo, ficou claro que a brasileira conseguiu um waza-ari, quando a russa tocou com os ombros no solo, caindo de frente depois. Mesmo revendo a decisão pelos monitores, os juízes entenderam não dar o ponto a Portela.
A judoca brasileira chorou muito no final, os adeptos revoltaram-se nas redes sociais e os especialistas e antigos atletas protestaram na televisão brasileira.
Madina Taimazova continuou assim em prova e ficaria mais tarde com a medalha de bronze. Na luta pelo terceiro lugar, derrotou com um waza-ari a croata Barbara Matić, que tinha afastado a portuguesa Bárbara Timo, igualmente nos oitavos-de-final.
Francesas não perceberam
Os juízes, ou árbitros, voltaram a estar em destaque na manhã desta quarta-feira, desta vez no basquetebol, vertente 3×3.
Igualmente numa meia-final, do torneio feminino, entre Estados Unidos da América e França, faltavam apenas 47 segundos para o final do jogo e havia um empate (16-16) quando, aparentemente, a francesa Marie-Eve Paget executou um mau passe e a bola saiu pela linha do fundo.
Os árbitros indicaram posse de bola para as norte-americanas mas as jogadores francesas protestaram imediatamente e pediram a análise do lance, através das câmaras de televisão – o chamado challenge. Nas repetições, viu-se que a norte-americana Kelsey Plum foi a última a tocar na bola e, por isso, a bola continuaria nas mãos gaulesas.
Mas não. Mesmo depois de ver a jogada pelo monitor, a equipa de arbitragem insistiu que Plum não tinha tocado na bola. Uma das jogadoras da França ficou parada, a olhar para o árbitro. As francesas não perceberam esta decisão.
Provavelmente quase ninguém percebeu mas os EUA aproveitaram a posse de bola inesperada: Allisha Gray marcou na sequência dessa jogada e, pouco depois, precisamente Kelsey Plum marcou igualmente num lance livre e as americanas venceram por 18-16.
A final do torneio feminino de basquetebol 3×3 será entre Estados Unidos da América e Comité Olímpico da Rússia.
A França vai tentar ficar com a medalha de bronze, num duelo com a China.