Jogadores “imploraram pela vida” em Alcochete

Mário Cruz / Lusa

Academia de Alcochete

O lateral esquerdo Lumor e o guarda-redes Salin foram ouvidos, esta quarta-feira, na 21.ª sessão do julgamento da invasão à academia leonina.

Lumor, que está emprestado pelo Sporting ao Maiorca, de Espanha, foi ouvido através do Skype na 21.ª sessão do julgamento da invasão à academia leonina, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.

O lateral esquerdo ganês, de 23 anos, que prestou depoimento em inglês, com recurso a um intérprete, contou que estava no balneário quando 15 a 20 pessoas entraram, de repente, no espaço e “começaram a bater nos jogadores todos”, acrescentando que o balneário ficou rapidamente cheio de fumo, após o lançamento de tochas.

Em resposta à procuradora do Ministério Público, Lumor disse que os jogadores, aquando da invasão, “pediram desculpa” e “imploraram pela vida”, mas salientou que os invasores “não quiseram saber”.

Questionado posteriormente por Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho, sobre que jogadores imploraram pela vida, o defesa referiu apenas o nome de William Carvalho.

O lateral esquerdo admitiu que ninguém lhe “bateu”, mas viu o médio Misic a ser agredido em várias partes do corpo com um cinto por um dos elementos. Lumor descreveu que os invasores “formaram uma barreira” à entrada no balneário, o qual “não era possível trancar”. Após a invasão, a testemunha declarou ter visto Bas Dost ferido na cabeça.

Lumor classificou de “normal” a relação que mantinha com o então presidente do clube, Bruno de Carvalho, acrescentando que, após estes incidentes, “nunca mais falaram”.

O defesa ficou com medo e receio depois do ataque à academia de Alcochete, assumindo que não conseguia sair à rua nem dormir bem. Lumor acrescentou ainda que “não consegue ver um filme de ação inteiro“, sobretudo as partes que envolvem cenas de violência.

Salin não viu agressões, mas relatou insultos e ferimentos

Além de Lumor, o antigo guarda-redes do Sporting Romain Salin, atualmente ao serviço do Rennes, também testemunhou por Skype na mesma sessão do julgamento.

Salin explicou que entre 20 a 40 “encapuzados” entraram no balneário e que os primeiros se dirigiram aos então capitães Rui Patrício e William Carvalho, assumindo não ter presenciado agressões físicas, pois “foi tudo muito rápido, havia fumo, gritos e barulho”.

“O balneário estava completamente cheio de gente e com fumo por todo o lado”, descreveu o guarda-redes, que referiu ainda ter ouvido insultos e visto “um garrafão de 15 litros de água a voar”.

A testemunha relatou que tentou colocar-se entre os invasores e os dois colegas de equipa, mas que só conseguiu travar um dos elementos, o qual viria a “acalmar-se” depois de conversarem.

Após o ataque, afirmou ter visto três pessoas com ferimentos: Bas Dost “com uma cicatriz na cabeça”, o treinador Jorge Jesus, “que sangrava do nariz”, e um dos fisioterapeutas, que tinha “um hematoma” na face.

Salin revelou que após o ataque “teve uma branca” e que fez “por esquecer muita coisa, pois a vida continua”.

O guarda-redes admitiu que não sentiu “verdadeiro medo” durante a invasão à academia, mas tal viria a acontecer posteriormente, sobretudo antes e durante os jogos, “com receio e pressão de não agarrar a bola”.

Questionado sobre se alguma vez disse que não queria falar com o então presidente, logo após o ataque, Salin respondeu que “não disse nada disso”.

O julgamento prossegue, na sexta-feira de manhã, com a inquirição, por videoconferência, de Rúben Ribeiro, atualmente ao serviço do Gil Vicente. Para a tarde, está previsto o testemunho de Gelson Martins, agora jogador do Mónaco, mas ainda carece de confirmação.

 

ZAP // Lusa

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