João Ferreira andou pelo Alentejo para dar atenção ao abandono do interior

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O candidato presidencial apoiado pelo Partido Comunista Português (PCP), João Ferreira

O candidato presidencial apoiado pelo PCP e PEV dedicou a sua terça-feira ao Alentejo, chamando a atenção para as assimetrias regionais e para o envelhecimento da população.

Durante a manhã, João Ferreira esteve numa sessão pública com organizações sociais, em Portalegre, onde ouviu bombeiros, movimentos ligados aos direitos entre homens e mulheres e organizações agrícolas.

Segundo a rádio TSF, o candidato presidencial chamou a atenção para o abandono do interior, defendendo não só melhores políticas de ordenamento do território, como também a concretização da regionalização para “contrariar o caminho do declínio”.

“Aquilo de que nós precisamos não é de gerir o declínio, é de inverter o declínio do interior”, considerou o comunista, notando que não se deve partir de “pressupostos errados” de que as causas dos problemas estão nos próprios territórios.

“É possível combater este trajeto de declínio, é possível alterá-lo, com políticas de desenvolvimento regional sérias”, sustentou, lamentando que os planos de desenvolvimento para o interior tenham um “enviesamento de partida”, que é “associar as causas de subdesenvolvimento aos próprios territórios”.

João Ferreira lembrou que a situação em Portalegre, distrito em que a população na reforma e no desemprego é superior à população ativa, “já era complicada devido à pandemia”, com a diferença “que esses impactos caíram em cima de uma realidade que era já marcada por políticas que provocaram uma situação de isolamento e abandono“.

“Nem aquilo que aconteceu durante muitos anos a este distrito, nem as consequências que resultam do impacto económico e social da pandemia têm de ser vistas como uma realidade inevitável, pelo contrário”, sublinhou.

O eurodeputado passou ainda por Évora e Serpa, cidades com câmaras a cargo do PCP. Segundo o semanário Expresso, o candidato terminou o dia numa sessão pública na qual fez o resumo dos problemas que já tinha abordado durante o dia.

“Uma das coisas mais indignas que há é encarar os mais velhos como um fardo que o país tem de carregar. (…) Estas regiões não estão condenadas à partida, nem têm nenhum tipo de defeito estrutural”, cita o jornal.

Questionado por uma participante sobre a sua posição relativamente às freguesias extintas na reforma de 2013, o candidato nem hesitou: “Sim, as freguesias têm de ser devolvidas ao povo, porque são elementos de ligação essenciais às populações e à própria democracia. Também é preciso esse outro nível, a regionalização, há tantos anos inscrita e ainda por consagrar”, disse o candidato, citado pelo jornal Público.

“A lei fundamental o que diz é que o Estado tem a obrigação de promover as desigualdades que marcam o terreno, ou seja, eliminar progressivamente as desigualdades ente litoral e interior, entre o campo e a cidade. Esta incumbência que a Constituição atribui ao Estado não foi levada a sério pelos sucessivos governos e presidentes, incluindo o atual”, criticou.

Ao final da noite, o comunista visitou ainda uma padaria em Serpa, destacando que este é mais um dos setores que não para com o novo confinamento. Por lá, foi surpreendido por uma apoiante, de 78 anos, enrolada em mantas e cachecóis, que foi propositadamente ao estabelecimento para o encontrar.

“Não lhe mexo porque não posso, se não abraçava-o e beijava-o!”, afirmou Ana Maria, contando que tem uma fotografia do candidato guardada em casa.

“Fico muito reconhecido e com vontade de lhe dar um abraço também. Mas vá para dentro que está frio e não quero que fique doente”, aconselha o comunista.

ZAP // Lusa

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