O procurador-geral dos EUA vai afastar-se de todos os inquéritos à campanha de Trump, depois de ter sido acusado de mentir sobre os contactos que teve com o embaixador russo.
O procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, anunciou que vai afastar-se de qualquer inquérito à campanha presidencial de Donald Trump, em 2016, depois de ter sido acusado de mentir sob juramento sobre contactos que manteve com o embaixador da Rússia em Washington.
Sessions assegurou na quinta-feira, em conferência de imprensa, que “nunca” se encontrou “com qualquer funcionário ou intermediário russo” para abordar as eleições norte-americanas e que não pensa apresentar a demissão do cargo, depois de pedidos nesse sentido.
O procurador-geral norte-americano admitiu ter-se encontrado com o embaixador russo, Sergey Kislyak, mas afirmou que nunca falaram sobre qualquer tema da campanha eleitoral.
Contudo, Sessions, um dos primeiros apoiantes de Trump e assessor político do então candidato republicano, não divulgou que manteve essas comunicações na audição da sua confirmação no cargo, em janeiro, altura em que foi questionado se “alguém afiliado” à campanha presidencial tinha tido contacto com os russos.
Sessions manteve mais de 25 conversas com embaixadores estrangeiros na qualidade de membro de um comité do Senado, e duas interações, separadas, com o russo Sergey Kislyak, segundo confirmou o Departamento de Justiça norte-americano.
Em comunicado, o Presidente dos Estados Unidos acusa os democratas de levarem a cabo uma “caça às bruxas” contra o Procurador-Geral. “Jeff Sessions é um homem honesto”, afirmou Trump, acusando a oposição de ter perdido “o senso da realidade”.
O presidente dos EUA reconheceu que Sessions “poderia ter respondido com mais precisão”, mas defendeu, por outro lado, que “claramente tal não foi intencional”. “Ele não fez nada de errado”, afirmou Trump, argumentando que “os democratas estão a tentar salvar a face, depois de terem perdido as eleições que todos pensavam que iam ganhar”.
Casa Branca confirma encontro com genro de Trump
Entretanto, a Casa Branca confirmou o encontro entre o genro de Trump e o embaixador russo nos EUA, em dezembro, durante um encontro com empresários na Torre Trump.
O marido de Ivanka, Jared Kushner, participou no encontro que tinha como objetivo “estabelecer um canal de comunicação” entre o Kremlin e a nova Administração americana.
Anteriormente, o contacto com o embaixador russo era estabelecido pelo general Michael Flynn, assessor de Trump para assuntos de Defesa que apresentou a demissão.
O encontro entre o genro de Trump ocorreu já depois das eleições, ao contrário dos contactos que foram mantidos entre o general Flynn e o procurador Sessions, com o embaixador que ocorreram durante a campanha presidencial norte-americana.
Flynn demitiu-se depois de terem sido tornadas públicas informações que indicavam que tinha mentido sobre o conteúdo das reuniões com Kislyak, e que levantam suspeitas sobre ingerências de Moscovo no processo eleitoral norte-americano que deu a vitória a Trump.
ZAP // Lusa